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Dia 05 de agosto de 2018

“LIÇÕES DE UM PROJETO DE CONSTRUÇÃO.”
(Pr. Joversi Ferreira)

    Nos capítulos 28 e 29 do primeiro livro das Crônicas, encontramos Davi no final da sua vida. O seu sonho de construir um templo para o o Deus de Israel havia sido negado pelo próprio Deus (1 Cr 28.2-3). Porém, Deus prometeu que manteria um descendente em seu trono e que este descendente iria construir o templo em Jerusalém. E são esses preparativos que encontramos neste trecho.
    Os templos construídos na dispensação do Antigo Testamento não possuem elo direto com qualquer prédio e/ou instalações que pertençam a uma igreja local. A glória de Deus nunca habitará aquelas que chamamos de “igreja” em nossa cultura ocidental. Na verdade, nós, os cristãos, somos o “edifício de Deus” (1 Co 3.9b) e somos as “pedras vivas” (1 Pe 2.5) na dispensação da Graça.
    Assim, não há mais templos de pedra e madeira.
    Contudo, construímos prédios para que as “pedras vivas”, o “edifício de Deus”, a igreja do Deus Vivo possa se encontrar, cultuar e servir.
    Nisto que encontro lições interessantes ao olhar a experiência de Israel quase 3.000 anos depois.
    1.) ERA UM PROJETO COLETIVO (28.1; 29.6): a nação estava unânime, não era algo apenas do rei Davi. Chama a atenção em como as diversas classes estão representadas e como os chefes das famílias (clãs) se mobilizavam e não havia boicotes ou rebeldia para com o projeto.
    Não era algo de alguns, mas de todos. A expressão que me vem à mente é “sermos como um só homem”. Isto é possível quando Deus e Sua obra estão acima de mim e de meus interesses. Mesmo que as coisas não ocorram como eu quero, como eu acho, isto não importa. É secundário porque Deus está sendo glorificado e Seu nome será exaltado e, principalmente proclamado através do que estamos fazendo.

    2.) OS PAPEIS ERAM RESPEITADOS E NÃO INVEJADOS (28.6): mesmo se tratando de seu filho e futuro rei, o gesto e a atitude de Davi e se submeter ao segundo plano e aceitar que Salomão iria construir o templo é algo a se copiar. Bem mais tarde, também, centenas, se não, milhares, de anônimos iriam cumprir os mais diversos papéis. Do respeito e da admiração entre essa diversidade de pessoas é que o projeto imobiliário de Israel pode ser tão bem concluído.
    Saber minhas limitações e habilidades me torna humilde e disponível para ajudar nas necessidades da obra de Deus, inclusive, literalmente uma obra de construção.
    3.) CUIDE DO ESPIRITUAL MESMO QUANDO ESTIVER TRABALHANDO O MATERIAL (28.8-9): em meio aos detalhes do processo de construção, Davi abre espaço para fazer alertas ao povo e ao seu filho para que não negligenciassem a obediência ao Senhor. Que não deixassem de lado o zelo pela vida espiritual da nação.
    De nada valeu ao longo de muitos períodos da história de Israel, ter um templo tão magnífico, enquanto o povo estava em ruínas espirituais. Achar que um belo prédio possui qualquer mérito na saúde espiritual de uma igreja é simplesmente tolice.
    4.) QUEM FALHA EM PLANEJAR, PLANEJA FALHAR (28.11-21): por um longo trecho, Davi cuida em passar para seu filho todo o planejamento para a obra que havia sido feito até ali. Um planejamento que visava certamente facilitar e possibilitar o culto a Deus. Ele era o centro das escolhas e não apenas a estética ou a funcionalidade para os homens.
    5.) O EXEMPLO ACONTECIA E ERA IMITADO (29.2): Davi narra como ofertou de forma abundante para a obra do templo. Em seguida, o texto retrata como os demais líderes fizeram o mesmo. E isso contagiou todo o povo (29.17). Com cada um contribuindo conforme o que podia, o que era necessário para a construção foi suprido.
    6.) RECONHECER QUE TUDO VEM DELE (29.14-16): finalmente, a parte mais bonita. Tal como um filho que dá um presente de dia dos pais comprado com o próprio dinheiro do papai, assim, ofertamos ao nosso Deus. Tudo vem dEle, tudo pertence a Ele, e de Suas próprias mãos, damos a Ele. E, ainda mais, a obra que fazemos não é nossa, nem tão pouco para nós. Antes, é para Ele, por Ele e por causa dEle. Para que Seu nome seja exaltado. Porque importa que no que façamos, Ele cresça e nós possamos diminuir.

Dia 19 de agosto de 2018

“LIÇÕES DE UMA DÍVIDA IMPAGÁVEL.”
(Pr. Joversi Ferreira)

    Perdão é um daqueles temas que precisamos resistir à tentação de estudar sobre ele, teorizar sobre ele e deixar de, realmente, praticá-lo. E não consigo pensar em texto mais apropriado para falar sobre a questão do perdão do que Mateus 18.21-35. A premissa do texto é simples: uma comparação de dívidas e uma comparação de “perdões”. Todos nós devemos no passado ou devemos no presente alguma soma de dinheiro. A forma como lidamos com nossas dívidas fala muito quanto ao nosso caráter e ética. E se fôssemos avaliados quanto à forma de lidarmos com este outro tipo de dívida do texto acima?
    E, é neste pano de fundo de dívidas e acertos que nosso texto se desenvolve. Ele começa com a deixa da pergunta de Pedro, “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?”. Pedro usa um número “nobre” no pensamento judaico e está até sendo generoso. O ensino rabínico daquela época era que de que se devia ensinar apenas três vezes. A resposta de Jesus deixa a “generosidade” de Pedro muito pra trás. Ele responde que seria “setenta vezes sete”. Isso daria 490 vezes. Mesmo que a tradução possa ser 77 vezes, ainda deixaria as 7 vezes de Pedro bem pra trás. De qualquer forma, o que Jesus, realmente está dizendo é “não coloque limites para o seu perdão”. E ele conta uma estória, uma parábola. Não vou contar todos os detalhes, sugiro que você pare um instante e leia o texto mencionado na quinta linha do primeiro parágrafo. Eu espero...
    Bem,  pode o que podemos aprender deste texto para reforçar a afirmação de Jesus no verso 21?
    1.) MOTIVOS DE PERDÃO QUASE SEMPRE EXISTIRÃO ENTRE A MAIORIA DOS SERES HUMANOS.
    As dívidas de perdão dificilmente deixarão de acontecer em nossas vidas. Quer sejam coisas graves ou não, “pisadas na bola” ou “pisadas nos calos”, quer sejam coisas involuntárias ou de propósito... não tem jeito: vamos magoar uns aos outros. É uma triste e real via de mão dupla.

    Isso apenas já devia gerar humildade em mim. Como posso ser tão severo com algo que também faço? 
    2.) DUAS PALAVRAS POSSUEM UM PAPEL IMPORTANTE NO PERDÃO: PACIÊNCIA E COMPAIXÃO.
    Não são exatamente as mais comuns em nós seres humanos. Paciência e compaixão não nos são inatos, nem são nossa especialidade. Quando o perdão é uma questão pendente em nossos relacionamentos isso se torna um teste precisamente nestas duas questões.
    Teremos a paciência necessária para passar pelo processo do “acerto de contas”? Compreenderemos o “passo” do outro e suas limitações?
    Diante de fatos vividos pelo outro, demonstraremos compaixão? Esta palavra significa “sentir junto”. A angústia do outro de torna minha, em certo sentido.
    3.) A CRUZ É O RELATÓRIO DO MEU PERDÃO.
    Lutero disse certa vez que devemos pregar o Evangelho todo dia a nós, porque todo dia nos esquecemos dele. Realmente, nos esquecemos dos “10.000 talentos” dos meus pecados que Cristo carregou na Cruz. Este é o montante que o serve devia e o qual obteve o perdão do seu Senhor. Algo equivalente a dezenas de milhões de reis. O perdão que recebemos é incaculável e a Cruz nos testifica isso.
    4.) A COMPARAÇÃO DE DÍVIDAS DEVERIA TER EFEITO SOBRE MIM.
    Os “cem denários” (algo equivalente a poucos milhares de reais) das mágoas e ofensas que me causam deveriam ser sempre comparadas a tudo que meu Senhor me perdoou. Quanta coisa horrenda coloquei sobre os ombros dEle naquela cruz... coisas que prefiro que ninguém saiba. Mais do que posso pagar! Porém, tudo que Ele me pede é que eu passe adiante a Graça do perdão. “Perdoar, assim como sou perdoado”. 
    Bem, creio que devo lhe deixar de novo. Creio que você e eu precisemos tomar algumas decisões e fazer algumas resoluções. Quanto ao perdão, nossa casa também pode estar sobre a Rocha ou sobre a areia. Onde está a sua?

Dia 26 de agosto de 2018

“TESTEMUNHAS DIVINAS POR ELEIÇÃO.”
(Pr. Joversi Ferreira)

    Há na Palavra de Deus, dois textos com um impressionante paralelo. No primeiro, no Antigo Testamento, o Senhor Deus chama Israel de “minhas testemunhas” e, no segundo, no Novo Testamento, o Senhor Jesus chama a Igreja de “minhas testemunhas”. O primeiro está em Isaías, o profeta messiânico. O segundo está em Atos, a narrativa da continuação da obra do Messias através dos seus discípulos.
    Em Isaías 43.10, Deus fala que Israel era Suas “testemunhas” e “meu servo, a quem escolhi”. A verdade de que é o Senhor quem escolhe os Seus está por toda a Escritura. Se repete no capítulo da Videira Verdadeira, João 15. E, particularmente, neste texto, elimina a questão do voluntariado. Muitos acham que Deus (e depois, o Senhor Jesus) estão nos chamando para ser Suas testemunhas ou clamando para que as sejamos. Nada disso. Ele diz a Israel, “a quem escolhi”; agora, caberia a Israel cumprir o seu mandato.
    O Senhor ainda diz que os escolheu “para que vocês saibam e creiam em mim e entendam que eu sou Deus”. Há aqui três estágios de aprofundamento do relacionamento com Deus que capacitaria Israel a testemunhar do Senhor. Saber: o conhecimento primário sobre a Pessoa e a Obra de Deus. Crer: a confiança, a fé, que é gerada a partir deste conhecimento de Deus. E saber: o conhecimento crescente e experimental que vem de andar e viver com o Senhor Deus. Alguém sem igual para conhecermos, pois na sequência, Ele afirma, “Antes de mim nenhum deus se formou, nem haverá algum depois de mim.” E ainda continua afirmando que além dEle, “não há salvador algum” (v.11)  e que Ele revelou, salvou e anunciou! (v.12). Amados, que privilégio Israel deveria considerar ser testemunha de Alguém assim. E mais ainda, serem escolhidos e capacitados para tal tarefa.
    Porém, Israel falhou miseravelmente. O objetivo de Deus era que a obediência de Israel (e as bênçãos que viriam com ela) atraíssem as nações para que conhecessem a YAHWEH , o Deus de Israel. Mas, Israel se caracterizou mais pela desobediência do que pela obediência. Um retrato triste do homem que despreza as demonstrações remetidas da Graça de Deus, “a fonte de águas vivas” e O troca por “cisternas rachadas” (Jr 2.13); algo que não se via os povos fazendo.
    Então, temos uma outra dispensação do plano de Deus. Vem o Messias, vive, morre, ressuscita. E as pessoas precisam saber disso. Precisam saber das Boas Novas, do Evangelho! E o Senhor dá Sua ordem, “Vocês serão minhas testemunhas”. De novo, não há convite ao voluntariado. Não há opção. Há um mandato!
    Contudo, neste trecho há outras coisa interessantes. Os discípulos perguntam a Jesus se seria naquele tempo que Ele iria restaurar o reino a Israel (v.6). Eles estavam preocupados com algo legítimo e que realmente irá acontecer. Mas, estavam focados no futuro. No presente, a necessidade era outra: anunciar o Evangelho.
    A resposta do Senhor foi de “corte rápido”, “Não compete a vocês saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade”; isto é, cuidem do que lhes cabe e não daquilo que pertence ao Senhor Deus.
    Em lugar desta curiosidade mal posicionada, Jesus diz que eles receberiam poder do Espírito Santo, o nosso parceiro perfeito no anúncio do Evangelho. Aquele que toma nossa limitada pregação e transforma corações e mentes! Cada um de nós já conta com o Espírito Santo e Seu ministério. Agora nos cabe a outra parte, isto é, cumprir o nosso papel.
    Finalmente, o texto nos traz uma estratégia geográfica. Primeiro, “Jerusalém”, os lugares e pessoas próximas a nós. Esta é nossa primeira e constante responsabilidade. Ao mesmo tempo, “Judeia e Samaria”, os lugares um pouco mais distantes. Municípios de nosso estado, outros estados do país, nações próximas. E, “até os confins da terra” que é algo autoexplicativo. Alcançamos tudo ao mesmo tempo. Indo, enviando, orando e contribuindo.
    E, assim, na obra onde não há desemprego nem as vagas acabam, somos escolhidos para representar o Rei dos reis que ordena aos homens que se reconciliem com Deus.
    Como hoje você pode avaliar sua obediência diante de tudo isso? Será que você está repetindo a desobediência de Israel ou tem se juntado à galeria dos missionários que tem modificado a vida de pessoas, cidades e nações nos últimos dois mil anos?

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