Dia 20 de agosto de 2017
“Caminhando no Salmo 119 - 16”
Áin (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)
121 Tenho vivido com justiça e retidão; não me abandones nas mãos dos meus opressores. 122 Garante o bem-estar do teu servo; não permitas que os arrogantes me oprimam. 123 Os meus olhos fraquejam, aguardando a tua salvação e o cumprimento da tua justiça. 124 Trata o teu servo conforme o teu amor leal e ensina-me os teus decretos. 125 Sou teu servo; dá-me discernimento para compreender os teus testemunhos.
126 Já é tempo de agires, Senhor, pois a tua lei está sendo desrespeitada. 127 Eu amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro puro. 128 Por isso considero justos os teus preceitos e odeio todo caminho de falsidade.
O salmista faz um clamor ao Senhor por proteção (v.121) baseado na vida reta que ele leva. Agora, quem vem acompanhando o Salmo 119 desde o começo sabe qual a origem desta vida reta. Isso mesmo: a Palavra de Deus. Não se trata de um mérito moral do salmista (ou de qualquer um de nós), mas uma lógica baseada nas promessas de Deus: Ele cuida do piedoso; daquele cujo coração é totalmente dEle. Isso tudo, obviamente que pela ação do Espírito Santo, mas Ele usa os ensinamentos da Palavra para gerar transformação em nossas vidas. Em contraste ao que anda reto, estão os opressores e os arrogantes (v.122), contra os quais ele pede pelo seu “bem-estar”. O uso de arrogantes (ou soberbos), em um contexto de submissão aos ensinos da Palavra, nos faz concluir que se trata da postura destes em relação aos princípios das Escrituras. Eles se rebelam arrogantemente contra aquilo que Deus estabeleceu. Eles se levantam, discursam e vivem na contramão do querer de Deus. E, uma vez que não vivemos em uma democracia no Reino de Deus, tal postura é pura rebeldia.
Enquanto isso, a dependência e a espera por Deus não é um exercício fácil (v.123). Nossa resistência e perseverança muitas vezes parece falhar, mas nos mantemos confiantes na justiça de Deus. A base dessa confiança está no “amor leal” (traduzido, “misericórdia” na ARA) de Deus, no חֶ֫סֶד (Hesed) de Deus: seu amor pactual, ligado à sua imutável natureza (v.124). Pacto, Aliança, Concerto... ligações de Deus com Seu povo, firmadas pelos decretos que o salmista deseja aprender. A Nova Aliança, o Evangelho, é também nossa fonte de segurança dada pelo Deus que não pode mentir. Iria este Deus pagar o altíssimo preço do sangue do Seu Filho para depois nos tratar como quaisquer pessoas? O Senhor Deus aprecia aqueles que Lhe pertencem. Cuida e zela com amor.
Debaixo dessa Aliança, somos servos deste bondoso Senhor e queremos entender tudo que diz respeito a Ele (v.125). Oh, como seria maravilhoso se cada filho de Deus quisesse intensamente o conhecer mais e mais e mais... Quão diferente seriam as vidas, as famílias e as igrejas... quiçá, o mundo! Ademais, a ideia de que aquilo que Ele estabeleceu esteja sendo desrespeitada (v.126) traz descontentamento e certa revolta ao salmista; tal como já ocorreu em outra parte do salmo. Não uma indignação pessoal, mas zelo por causa do Nome do Senhor. Ele clama pela intervenção de Deus a fim de que esta situação cesse.
O verso 127 nos leva a compreender que riquezas estavam sendo preferidas em lugar da justiça e da submissão aos preceitos de Deus. Daí a indignação do salmista. O qual, por outro lado, prefere aos mandamentos eternos mais do que a riqueza que perece. E o caminho de justiça trilhado por eles mais do que o caminho da falsidade (v.128), indepen-dentemente das vantagens que ele possa trazer.
Em um mundo materialista, o qual vive de aparências e “realizações”, estamos preparados para repetir as mesmas palavras e viver o contentamento dentro da vontade de Deus? Está o nosso prazer no caminho dos mandamentos de Deus mesmo quando eles forem antagônicos aos caminhos que nos são oferecidos e que, muitas vezes, se parecem “agradáveis”?
Que Deus encontre em nós a mesma atitude, zelo e indignação do salmista. E que isso mude primeiro a mim, naquilo que eu precisar.
Dia 27 de agosto de 2017
“Caminhando no Salmo 119 - 17”
Áin (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)
129 Os teus testemunhos são maravilhosos; por isso lhes obedeço. 130 A explicação das tuas palavras ilumina e dá discernimento aos inexperientes.
131 Abro a boca e suspiro, ansiando por teus mandamentos. 132 Volta-te para mim e tem misericórdia de mim, como sempre fazes aos que amam o teu nome. 133 Dirige os meus passos, conforme a tua palavra; não permitas que nenhum pecado me domine. 134 Resgata-me da opressão dos homens, para que eu obedeça aos teus preceitos. 135 Faze o teu rosto resplandecer sobre o teu servo, e ensina-me os teus decretos. 136 Rios de lágrimas correm dos meus olhos, porque a tua lei não é obedecida.
Muitas coisas maravilham as pessoas ao nosso redor. Elas são atraídas pelas coisas mais frívolas e mesmo pelas coisas valiosas. Mas, raramente se maravilham pelas coisas de Deus; muito menos pela Sua Palavra. Não no caso do salmista (v.129). Eis aqui alguém que vem experimentando a pessoa de Deus e os efeitos da Sua Palavra em sua vida. Como não obedecer a esta Palavra? Destaca-se o fato que o salmista não obedece por obrigação, religiosidade ou medo, mas por “colecionar” testemunhos de como a Palavra de Deus marcou momentos em sua vida.
Palavras de um Deus as quais iluminam para ajudar até os inexperientes para que estes “emprestem” a sabedoria do Alto (v.130). E este “empréstimo” está ao alcance de todos os filhos de Deus! Diante de tal realidade, o salmista fala como um poeta apaixonado, saudoso da fonte do seu amor. Apenas que neste caso, ele está apaixonado pelos mandamentos do Senhor e por estes mandamentos ele suspira (v.131). De novo: qual de nós experimenta tal paixão pela Palavra de Deus em nossas vidas?
Então, o salmista clama por socorro (v.132), pela misericórdia do Senhor, pois Ele sempre age assim para com aqueles que amam o nome do Senhor. Amor demostrado na obediência e no maravilhar diante dos ensinamentos da Palavra de Deus. Aqui o socorro pedido não se deve aparentemente a nenhum inimigo externo, mas ao inimigo interno de todos nós: o pecado (v.133). E por isso ele clama por direção. Sem a firme bússola da Palavra de Deus, assim como o salmista, somos todos presas de nossas emoções e racionalizações que nos levarão finalmente às garras do nosso próprio pecado. É admirável o zelo espiritual deste servo de Deus. Ele não fica impassível diante do seu pecado, mas recorre logo ao Senhor por socorro.
Mas, também havia inimigos externos (v.134). Em lugar de buscar suas próprias forças e meios, ele busca também socorro no Senhor e sua motivação se encontra sempre no mesmo lugar, isto é, em obedecer a Deus. Do Senhor também vem a iluminação para que o salmista aprenda os ensinamentos do Senhor (v.135). Cada cristão precisa lembrar-se do papel do Espírito em iluminar sua mente e coração diante da Palavra de Deus. E usufruir deste recursos maravilhoso.
Mas, finalmente, o salmista expressa o maior motivo da sua tristeza. Não o pecado interior, não os inimigos do lado de fora (apesar de serem esses todos problemas graves). O salmista experimenta profunda tristeza por ver a impiedade, a injustiça e outras manifestações do pecado ao seu redor (v.136). Perceba que o foco não está no sofrimento humano, mesmo que isso seja uma triste realidade. Nem mesmo em nada humanamente triste e que levaria lágrimas mesmo ao coração do mais duro ateu. O foco do salmista é Deus, não o homem. Sabemos que o sofrimento é algo horrível; mas, a verdadeira tristeza é sabermos a causa dele, vê-lo ao nosso redor, e não chorarmos ou fazermos algo pela pregação do Evangelho da Graça.
Não é a educação, nem mesmo uma ideologia política que mudaram as coisas ao nosso redor. Apenas homens e mulheres nascidos de novo podem secar o pranto, os “rios de lágrimas” dos olhos de quem possui amor e zelo pela Palavra do Deus Vivo!