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Dia 02 de julho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 11”
    Caf (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra).
81 Estou quase desfalecido, aguardando a tua salvação, mas na tua palavra coloquei a minha esperança. 82 Os meus olhos fraquejam de tanto esperar pela tua promessa, e pergunto: Quando me consolarás? 83 Embora eu seja como uma vasilha inútil, não me esqueço dos teus decretos.
84 Até quando o teu servo deverá esperar para que castigues os meus perseguidores? 85 Cavaram uma armadilha contra mim os arrogantes, os que não seguem a tua lei. 86 Todos os teus mandamentos merecem confiança; ajuda-me, pois sou perseguido com mentiras. 87 Quase acabaram com a minha vida na terra, mas não abandonei os teus preceitos. 88 Preserva a minha vida pelo teu amor, e obedecerei aos estatutos que decretaste.

    Na décima-primeira parte do Salmo 119, o salmista se encontra em um momento de luta (v.81). Tal qual nós já vivemos, ele também. Muitos querem passar a ideia falsa de que a Bíblia é um livro de narrativas de vidas perfeitas e bem sucedidas. Fazem isso selecionando as passagens que parecem dizer isso, quando isoladas de seus contextos e histórias. Porém, na segunda sentença, já surge a expressão de confiança em Deus; e não em si mesmo. Antes ele aguarda no Senhor, e usa a Palavra de Deus como fonte dessa confiança. Sua espera e esperança não está em homens e seus recursos, nem em si mesmo. Que exemplo deve ser para nós o confiar dele na salvação prometida na Palavra de Deus. Ou seja, esperar no próprio Deus da Palavra.
    Não obstante, o salmista é de carne e osso, e a espera é cansativa (v.82). O questionamento em meio à luta não é necessariamente um sinal de incredulidade, mas, antes de humanidade, fragilidade, finitude de nossa parte. Frequentemente (senão quase sempre), nosso problema quanto a isso está na diferença entre Kronós e Kairós. As duas palavras significam “tempo”, porém a primeira é um tempo mensurável (minutos, horas, dias...) e a segunda é um tempo apropriado, um tempo oportuno, portanto, um tempo inesperável, isto é, pelo qual não podemos asseverar quando acontecerá ou quanto durará. Eis aí o drama do “Quando me consolarás?”.

    Diante das lutas, ele perde a direção, sua ideia de valor próprio, ele é uma “vasilha inútil” (literalmente, “vasilha de fumaça”). Este momento de desânimo e perda de valor próprio seria o fim, a não ser que continuemos confiando no que o Senhor nos revela em Sua Palavra (v.83). De novo, a sinceridade de nossas palavras não é algo ruim, apenas não pode ser tudo.
    Outra demonstração de humanidade do salmista é a “cobrança” feita a Deus (v.84). A eterna divergência entre o tempo que se pode medir em minutos e segundos e aquele que é a manifestação da vontade de Deus sempre será um desafio quando esperamos pelo Senhor. Foi, inclusive, o dilema de Habacuque: “Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? Até quando gritarei a ti: 'Violência!' sem que tragas salvação?”. Assumimos essa postura de cobrança, especialmente quando precisamos muito da resposta de Deus como é o caso do salmista (v.85), bem como de Habacuque. Enquanto ele se mantém firme na Palavra de Deus, seus perseguidores vivem por padrões e princípios mundanos. E Habacuque vê a nação de Israel afastando-se do Senhor. Ou seja, tentar viver corretamente enquanto muitos trapaceiam ao nosso redor é um desafio tanto de obediência quanto de dependência do Deus que faz todas as coisas para o nosso bem.
    De novo, em si, nada de errado com o “desabafo”, porque, então, ele renova sua confiança nos mandamentos de Deus (v.86) e pede ajuda ao Autor deles para o proteger dos mentirosos. Ele segue o mesmo caminho do final do livro de Habacuque em que (depois do “desabafo”) ele faz uma linda declaração de confiança no Senhor mesmo que tudo mais diga “Não!” (leia Hc 3.17-19). Nossa arma de guerra e defesa precisa ser o Senhor. Quando usamos armas carnais e humanas, nos igualamos aos que não conhecem a Deus. Mesmo em face da morte (v.87) (algo muito difícil em nosso mundo ocidental), a fidelidade à Palavra é a única escolha para o salmista; e para nós também. Pois quando o livramento chega a nós enquanto vivemos em fidelidade, podemos renovar nosso compromisso de obediência mesmo quando as coisas estivirem mais tranquilas (v.88). Isso é a verdadeira fidelidade: na luta, tanto quanto na tranquilidade. É orar pela salvação não pela salvação em si, mas para poder continuar obedecendo a Deus. Uau! Que lição: não é minha vida e minha sobrevivência que me importa. Não é meu sucesso e a conclusão dos meus sonhos. Meu livramento tem outro alvo. E este alvo é poder ter mais um dia (ou muitos anos) para poder viver uma vida de obediência aos estatutos de Deus e glorificar Seu nome.

Dia 16 de julho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 13”
    Mem (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)
97 Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro. 98 Os teus mandamentos me tornam mais sábio que os meus inimigos, porquanto estão sempre comigo. 99 Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos teus testemunhos. 100 Tenho mais entendimento que os anciãos, pois obedeço aos teus preceitos. 101 Afasto os pés de todo caminho mau para obedecer à tua palavra. 102 Não me afasto das tuas ordenanças, pois tu mesmo me ensinas. 103 Como são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais que o mel para a minha boca! 104 Ganho entendimento por meio dos teus preceitos; por isso odeio todo caminho de falsidade.

    Eu sei que usamos o verbo amar para coisas e pessoas que gostamos, admiramos, com as quais nos entusiasmamos e aquelas realmente amamos. Uma palavra flexível e usada para diversas situações. Porém, não há dúvida de que o salmista a usa (v.97) no sentido de amar mesmo as Escrituras, uma vez que ele medita nelas “o dia inteiro”. É óbvio que ele não passa o dia inteiro com a “cara enfiada” no santo livro. Mas, durante o seu dia ele “rumina”, ele traz de volta à sua lembrança o texto do seu devocional, da mensagem de domingo, daquele livro ou artigo cristão que ele estava lendo. Ou seja, ele interaja o seu dia e sua rotina com as verdades das Escrituras. Não há como não perceber a influência do Salmo 1.2 neste primeiro verso do trecho de hoje, “Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.”. Neste verso, o amor é trocado por “satisfação” ou “ter prazer”, em outra versão. 
    Como isso é significativo. Apenas medita na Palavra de Deus quem tem prazer nela e a ama! E tal como no Salmo 1 onde este homem se torna “como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que el faz prospera!”, no nosso texto este amor à Palavra traz resultados! O resultado (v.98) é sabedoria para a vida e para vencer os desafios (inimigos). Em lugar de usar sua esperteza e sabedoria carnais, é preferível usar aquela que vem do alto (Tg 3.17).

    De forma semelhante, o meditar na Palavra de Deus o faz ultrapassar aqueles que foram um dia referência para ele, seus mestres (v.99). Tal como aconteceu com Paulo, em áreas específicas podemos crescer enquanto aqueles que vieram antes de nós ficam, por assim dizer, para trás. Não que seja uma competição, pois em outras áreas é muito provável que os lugares se invertam. Mas, não fica apenas com os nossos inimigos e mestres.
    O crescimento na sabedoria que vem da Palavra pode nos capacitar a ultrapassar mesmos aqueles que possuem mais experiência de vida do que nós: os anciãos (v.100). Claramente, isso não muda o respeito que “as cãs”, os cabelos brancos, merecem. Mas, é um sinal de que mesmo um jovem pode ser exemplo para os adultos se o seu coração for tomado pela Palavra de Deus e pela Sua sabedoria. Ou que um ancião pode ser espiritualmente imaturo se, ao longo dos anos, estagnar em sua busca pela sabedoria das Escrituras.
    Os resultados práticos dessa sabedoria estão no negativo e no positivo. Primeiro, positivamente (v.101), ela nos ajuda a nos afastar do mau caminho. É realmente ficar longe e não “brincar com o perigo”. Tal como é muito mais fácil um policial ser alvejado do que um professor (apesar de ser por um risco inerente e necessário da profissão), é muito mais fácil ser atingido pelo mal deste mundo quando vivemos no limite. Perto do pecado, na froteira entre o certo e o errado, correndo riscos desnecessários. E segundo, negativamente, ela nos ensina a nos manter perto dos mandamentos de Deus, renovando e dando manutenção a este crescimento em sabedoria (v.102). Muitos dos perigos são perigos exatamente porque ainda não sabemos como lidar com eles. Então, a regra positiva se aplica enquanto buscamos a negativa.
    Pode parecer algo árido e seco, mas os ensinamentos da Palavra de Deus e aquilo que ela nos ensina devem nos trazer prazer e deleite (v.103). O mel era a substância mais prazerosa que existia no mundo antigo. Pense em todos os doces, chocolates e tortas que temos hoje; não existiam. Mas, eles tinham o mel! O prazer de comê-lo era menor do que o prazer dos ensinos recebidos do Senhor. Era o prazer que lhe dava entendimento (v.104) e os faziam reconhecer o real e verdadeiro e, por outro lado, o errado e falso. Oh, como precisamos disso. Em um mundo com uma “verdade líquida” onde ela é feita na subjetividade de cada pessoa, precisamos de discernimento e entendimento do calibre descrito neste texto
    Neste instante, avalie seu tempo gasto com a Palavra. Com mensagens, leituras e estudos. E esta semana, renove seu prazer na Palavra de Deus.
 

Dia 09 de julho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 12”
    Lâmed (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)
89 A tua palavra, Senhor, para sempre está firmada nos céus. 
90 A tua fidelidade é constante por todas as gerações; estabeleceste a terra, que firme subsiste. 91 Conforme as tuas ordens, tudo permanece até hoje, pois tudo está a teu serviço. 92 Se a tua lei não fosse o meu prazer, o sofrimento já me teria destruído. 93 Jamais me esquecerei dos teus preceitos, pois é por meio deles que preservas a minha vida. 94 Salva-me, pois a ti pertenço e busco os teus preceitos! 95 Os ímpios estão à espera para destruir-me, mas eu considero os teus testemunhos. 96 Tenho constatado que toda perfeição tem limite; mas não há limite para o teu mandamento.

    Exatamente hoje, começa a lua cheia. Fiquei pensando em como ela, ao lado das estrelas, ajudava a nortear o caminho deles e como eram importantes séculos atrás para os navegantes no meio do nada do oceano. Era um ponto de referência dos dias passando e da sua localização. No verso 89, o salmista tem a Palavra como referência de direção em sua vida. Ela está lá em cima, nos céus, para nos orientar sobre o caminho. Eterna e imutável, ela nos transfere sabedoria para a vida. Ela é a constante em um mundo em mutação. Ela é a verdade sólida em um mundo de “verdade” líquida. Creio que a expressão “nos céus” serve pra destacar ainda mais em o quanto esta Palavra é separada de um mundo caído, corrompido e sem padrões fixos. Ateus e agnósticos não percebem que a própria noção de bem e mal seriam ameaçadas sem um ponto referência (fixo). E certamente, não é a consciência do homem este ponto.
    A constância da Palavra é acompanhada pela constância da fidelidade do Senhor (v.90). Durante nossa história (anterior, atual e posterior), Deus vem sendo completamente fiel e vem mantendo a criação debaixo do Seu poder. As leis da física, da natureza são evidências da fidelidade de Deus. Desde a primeira  geração, cerca de seis mil anos atrás, até hoje, Deus tem se mantido irremovível em Seus decretos para nós. Nada muda (v.91) sem que Ele queira e mudam quando assim Deus quer. A Soberania dEle é absoluta. E enquanto mal conseguimos prevenir ou antever o que acontece ao nosso redor, mesmo analisando fatos e ocorrências, o nosso Deus sabe de cada movimento de cada gota de água no mundo, mesmo antes dele acontecer! Nós olhamos em perspectiva passada; Ele... em perspectiva futura. Nós olhamos para um passado já escrito na nossa história e ainda assim nos abalamos pelo que já foi! Enquanto vivia aqui, Jesus olha em perspectiva futura! E, nunca era abalado, mesmo sabendo o que lhe aguardava.
    Diante disso tudo, da constância da Palavra e da fidelidade de Deus, temos alento diante do sofrimento (v.92). Ora, como o Deus que assim é, poderia perder o controle sobre a nossa vida? Como seria para Ele surpresa ou difícil lidar com qualquer coisa que nos aconteça? E como não estaria debaixo da Sua soberana vontade?  E é na vida mantida pela Palavra de Deus que encontramos nossa preservação diante das curvas acentuadas do caminho (v.93). Paulo mesmo nos adverte que a armadura de Deus (na qual está a “Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus”,6.17) serve para nos preparar para “resistir no dia mau e permanecer inabaláveis” (6.13). Só uma geração tola, enganada pelos pregadores triunfalistas ignoraria uma aviso como este do apóstolo.
    Quando nos afastamos da Palavra, as dificuldade que já são em si desafios, se tornam monstros e gigantes, pois não sabemos mais como enfrentá-los do jeito de Deus, e acabamos fazendo do nosso jeito. Porém, andando nos preceitos de Deus, podemos contar com Seu socorro (v.94). Os inimigos continuarão à espreita (v.95), mas não há motivo de medo quando usamos as armas de Deus. Há a capacidade deles, há a nossa; mas, a capacidade de Deus é ilimitada (v.96)! E ela está ao nosso dispor! Enquanto nossos inimigos vêm apenas na sua força e enquanto por nós mesmos só possuímos a nossa para resistir, em Deus eles encontram um inimigo imbatível e incomparável para com as suas forças. E, nós... encontramos o melhor aliado que poderíamos esperar para esta vida.

Dia 23 de julho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 14”
    Num (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)

105 A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho. 106 Prometi sob juramento e o cumprirei: vou obedecer às tuas justas ordenanças. 107 Passei por muito sofrimento; preserva, Senhor, a minha vida, conforme a tua promessa. 108 Aceita, Senhor, a oferta de louvor dos meus lábios, e ensina-me as tuas ordenanças. 109 A minha vida está sempre em perigo, mas não me esqueço da tua lei. 110 Os ímpios prepararam uma armadilha contra mim, mas não me desviei dos teus preceitos. 111 Os teus testemunhos são a minha herança permanente; são a alegria do meu coração. 112 Dispus o meu coração para cumprir os teus decretos até o fim.

    O verso 105 é provavelmente um dos poucos versículos do Salmo 119 que muita gente conhece. E quão poderoso ele é ao comparar a Palavra de Deus com uma luz que expulsa as trevas de diante de nós. Ao lê-lo, podemos imaginar uma trilha escura e desconhecida, mas que vai sendo desvelada à medida que caminhamos por ela com uma fonte qualquer de luz. E quando isso se torna uma realidade, podemos resolutamente decidir obedecer àquilo que podemos enxergar (v.106). Porque, oras, quem discute com o que vê como se não estivesse lá está à beira da loucura! Quem ignora aquilo que a “luz” está a nos avisar não pode estar em posse de suas faculdades mentais! A coisa lógica a fazer é ser muito grato pela “luz” e cumprir, e obedecer.
        Claro que muitos mesmos em face do perigo, agem de forma estúpida e tola. Talvez tenha sido assim quanto ao salmista anteriormente. Mas, agora ele chegou a esta conclusão não “pelo amor”, mas, sim, “pela dor” (v.107). Porém, ela o levou a (1) buscar segurança nas promessas de Deus e não em sua autossuficiência em “sair dessa”. Como uma criança que se dá mal” ao não dar ouvidos aos avisos do pai, e corre de encontro a ele, assim retornamos ao nosso Deus. E não só isso, mas (2) a conclusão o levou a um estado de adoração diante da luta (v.108); ação de graças em lugar de murmuração. Não há como não lembrar de Tiago 1.2, que nos exorta a considerarmos “motivo de grande alegria” quando passarmos por “diversas provações”.
    Oh, quantas vezes diante das lutas nos esquecemos daquilo que aprendemos na Palavra. Voltamos aos recursos da carne e agimos (quase) como se nem Deus conhecêssemos! Mas, não o salmista (v.109)! Mesmo reconhecendo a luta constante, os princípios da Palavra são também agora constantes em sua vida. Nossas lutas existem, mas elas pioram muito mais por nossas reações do que por qualquer outra coisa. Quando reagimos bem, com dependência de Deus e gratidão, qualquer problema é enfraquecido em seu alcance. Daí vem a tranquilidade do salmista diante até do perigo sobre a sua vida. Que poder tremendo possui a combinação de Palavra de Deus mais Fé!
    E é isso que o salmista ilustra a seguir (v.110) descrevendo sua firmeza nos princípios da Palavra, mesmo em meio à armadilhas contra a sua vida. Quer permanecer na tempestade? Uma vida fundamentada em princípios eternos é a resposta. Mais que isso: é a condição incomparável.
    E mesmo em meio a isso, existe a realidade de vivermos em alegria (v.111). Isso porque não esperamos nas bênçãos, mas nas coisas eternas, na herança eterna. Viver para a eternidade, mesmos ainda aqui, nos liberta da opressão das coisas e circunstâncias. E, nisso, precisamos saber que não basta começar bem, precisamos também terminar bem (v.112). Tendo aprendido nas lutas passadas em bom espírito e adoração, o salmista descobre o segredo para os seus anos vindouros: obediência até o fim!

Dia 30 de julho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 15”
    Sâmeq (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)

113 Odeio os que são inconstantes, mas amo a tua lei.
114 Tu és o meu abrigo e o meu escudo; e na tua palavra coloquei minha esperança. 115 Afastem-se de mim os que praticam o mal! Quero obedecer aos mandamentos do meu Deus! 116 Sustenta-me, segundo a tua promessa, e eu viverei; não permitas que se frustrem as minhas esperanças. 117 Ampara-me, e estarei seguro; sempre estarei atento aos teus decretos. 118 Tu rejeitas todos os que se desviam dos teus decretos, pois os seus planos enganosos são inúteis. 119 Tu destróis como refugo todos os ímpios da terra; por isso amo os teus testemunhos. 120 O meu corpo estremece diante de ti; as tuas ordenanças enchem-me de temor.

    O verbo usado no início do nosso texto (v.113), pode parecer duro e até “anti-cristão” (a versão Revista e Atualizada usa, “aborreço”), mas o significado é apenas de ultraje, inconformidade diante de um zelo pelas verdades da Palavra de Deus. Calma, ninguém vai matar ninguém neste versículo. Mas, há de compreender. O salmista sabia que a sobrevivência da nação dependia da fidelidade e obediência à Lei, à Palavra de Deus. E essa, “inconstância” podia e realmente terminou custando muito à Israel.
    E em contraste a este desprezo para com a Verdade das Escrituras, o salmista coloca Deus como a fonte de toda segurança que ele tem (v.114), e mais especificamente isso vem da esperança oriunda do que está na Palavra. É sempre bom relembrar-nos que a esperança bíblica não é uma possibilidade, mas, sim, uma certeza! Não é como dizermos, “Tenho esperança de rever meus amigos de infância”. Na verdade, a Bíblia nos traz promessas que são  garantidas por Aquele que prometeu; e Ele sempre cumpre o que promete. E nEle está toda a nossa (segura e certa) esperança.
    Muitas vezes, somos afetados pelas pessoas ao nosso redor. Diante disso, o salmista exclama que se afaste dele os desobedientes (v.115), pois ele deseja seguir o caminho da obediência. Claro que não devemos nos isolar totalmente das pessoas; porém, precisamos reconhecer quando alguém não é uma influência correta na nossa vida. Paulo já nos advertiu, “Não se deixem enganar: 'As más companhias corrompem os bons costumes'.” (1 Co 15.33).
    Enquanto as pessoas confiam nas suas capacidades, posses, realizações, o salmista pede que o Senhor o sustente segundo a Sua promessa (v.116) e o ampare, trazendo-lhe segurança (v.117). Quando experimentamos tal firmeza tão diferente da nossa fraqueza, o resultado é (1) a confiança colocada sobre Senhor sempre se confirma e (2) podemos seguir um padrão de foco nos decretos de Deus, fortalecendo ainda mais a nossa confiança.
    Muitos desejam seguir a Deus “do seu jeito”. Desde 3.000 anos atrás, o salmista já afirma que esses são rejeitados (v.118), e que seus planos são enganosos e inúteis! Ou seja, o contrário da Verdade e da utilidade para a vida que encontramos nas Escrituras. E mesmo que no verso 119, a destruição desses seja atribuída ao Senhor (e realmente está certo), Deus usa os enganos e inutilidades aos quais o ímpio se apega para provocar a destruição deste. É uma questão de auto-destruição supervisionada pelo Senhor.
    O salmista termina em amor aos testemunhos de Deus e temor (v.120) a eles ao mesmo tempo. Amamos e tememos estes mandamentos porque eles são definitivos na morte e na vida e distintivos entre os desobedientes e obedientes. O que nos leva a nos perguntar o porquê de tantas vezes preferirmos o engano e a inutilidade do pecado e da nossa carne, quando temos tanta sabedoria revelada a nós nas Escrituras. O que você acha? O que leva aqueles que tem acesso às fontes de água viva a irem tentar matar sua sede em poços de águas podres?

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