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Dia 04 de junho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 07”
    Zain (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)
49 Lembra-te da tua palavra ao teu servo, pela qual me deste esperança. 50 Este é o meu consolo no meu sofrimento: A tua promessa dá-me vida. 51 Os arrogantes zombam de mim o tempo todo, mas eu não me desvio da tua lei.
52 Lembro-me, Senhor, das tuas ordenanças do passado e nelas acho consolo. 53 Fui tomado de ira tremenda por causa dos ímpios que rejeitaram a tua lei. 54 Os teus decretos são o tema da minha canção em minha peregrinação. 55 De noite lembro-me do teu nome, Senhor! Vou obedecer à tua lei. 56 Esta tem sido a minha prática: Obedecer aos teus preceitos.

    Há momentos em que passamos pelo “cadinho de Deus”, a forma de derreter metais. Quer sejam lutas, doenças, indefinições, perseguições... elas vem para nos testar e moldar ao caráter de Cristo. Nessas horas, a Palavra de Deus é nossa arma da esperança (v.49), são nas promessas de um Deus que não muda e não pode mentir que esperamos; são nos conselhos de Deus que achamos a paz para passar pelo sofrimento, pela tormenta (v.50). O estado em que nos encontramos enquanto esperamos por uma resposta, por uma solução, pelo fim da indefinição é como um estado de morte. Mas, podemos antever a “vida” enchendo nossas mentes e corações das promessas de Deus, as verdades eternas que nos dão firmeza em meio a tudo isso. E isso não é privilégio de alguns; antes, é para todo cristão!
    Essa é a parte boa. A parte ruim é que em meio às lutas, pessoas se levantarão para tentar piorar nosso ânimo durante a luta. O seu e o meu desafio é manter-nos firmados e resolutos naquilo que a Palavra nos coloca (v.51). Diante de tamanha oposição, seremos tentados a lutar com as nossas forças, ou, pior, com as armas da carne e do mundo. Mas, devemos nos manter na lei do Senhor sem nos desviar. Jesus podia convocar legiões de anjos em Sua defesa; era Seu direito. Ainda assim, Ele sofreu o dano da traição, do julgamento injusto e da Cruz. Estas eram as promessas de Seu Pai antes da glorificação. Ele sabia que as promessas incluíam o fato de que a Cruz vem antes da Coroa.
    O que fazer enquanto a tempestade não passa? O que fazer enquanto os zombadores estão nos portões? Muitos optam pela autocomiseração, outros pela vitimização, outros por culpar alguém. Outros olham para trás, para o passado com lamento sobre a sal própria história. Mas, Diante de todas essas más decisões, eis a melhor que podemos achar: lembrar-se do que já sabemos e conhecemos sobre o agir de Deus (v.52). É olhar para o passado, mas enxergar a Graça dEle e não apenas nossa miséria. Olhe para a sua história e veja Deus lá. O passado foi feito para ser uma biblioteca de sabedoria; quer seja nos nossos erros, quer seja nos nossos acertos. E em tudo isso, vislumbrarmos como Deus agiu.
    Porém, eventualmente, podemos ser tomados de zelo pelas coisas de Deus também (v.53). Ou seja, mesmo em meio às lutas, nossa postura não é no chão, antes, estamos em pé, lutando pelo Senhor. Indignação é traço da santidade também. Neste verso, o salmista desfaz a imagem de uma pessoa enrolada em posição fetal diante das lutas, e a substitui por um guerreiro que atravessa a batalha todo ferido, mas, ainda lutando. A verdade não é paralisada apenas porque estou sendo atacado. Aliás, manter-nos ativos e em progresso é um grande auxílio para não cairmos em desânimo e até apelarmos para um auto-diagnóstico de depressão.
    Nesta peregrinação, o alimento do guerreiro é a Palavra de Deus (v.54). Neles, ele louva a Deus; com eles, ele compõe a sua letra de adoração. E após ter caminhado o dia inteiro, de noite, o Senhor ainda está em sua lembrança através daquilo que Ele o ensina em Sua lei (v.55). O ciclo foi completo. Da manhã até de noite.
    Como é reconfortante encontrar o equilíbrio da vida nas Palavras da Vida! E saber que nosso agir está trilhando o caminho destas Palavras (v.56). Perceba que nesta seção do Salmo 119, o salmista não saiu do “deserto”. Este nunca foi seu foco. O deserto é relativo em sua duração, em sua percepção, em seus objetivos e efeitos. Até mesmo nossa reação a ele é relativa, variável. O equilíbrio está na estabilidade das absolutas Palavras que nos dão vida e esperança.

Dia 18 de junho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 09”
    Tét (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)

65 Trata com bondade o teu servo, Senhor, conforme a tua promessa. 66 Ensina-me o bom senso e o conhecimento, pois confio em teus mandamentos. 67 Antes de ser castigado, eu andava desviado, mas agora obedeço à tua palavra. 68 Tu és bom, e o que fazes é bom; ensina-me os teus decretos. 69 Os arrogantes mancharam o meu nome com mentiras, mas eu obedeço aos teus preceitos de todo o coração. 70 O coração deles é insensível, eu, porém, tenho prazer na tua lei. 71 Foi bom para mim ter sido castigado, para que aprendesse os teus decretos. 72 Para mim vale mais a lei que decretaste do que milhares de peças de prata e ouro.

    Nossa seção de hoje é a nova parte do maior Salmo e maior capítulo das Escrituras e começa com o salmista clamando a Deus para que Ele demonstre Sua bondade assim como havia prometido (v.65). Muitas vezes, nas Escrituras e em nossas próprias orações, parece que estamos lembrando Deus de algo. Na verdade, tal lembrança é muito mais para fortalecer a nós mesmo do que para cobrar algo de Deus. Ou pelo menos assim deve ser de quem verdadeiramente é um servo e sabe que Ele é o Senhor absoluto. Então, ao lembrar-nos, suplicamos também.
    Em seguida, ele clama por ferramentas (bom senso e conhecimento) para sua vida (v.66). Sem tais coisas, muitas promessas de Deus são frustradas e demoram a chegar às nossas vidas devido às nossas más decisões. E podemos também nem perceber o agir de Deus quando Ele faz algo diferente do que esperávamos. Deus é soberano e usa decisões boas ou más, mas fica claro que cooperamos com Sua vontade quando andamos de maneira coerente com a Sua Palavra.

    A necessidade de sermos guiados pela Palavra fica clara quando o salmista chega a reconhecer que sem a disciplina do Senhor, ele “andava desviado” (v.67). A Palavra ensina, mas também repreende e corrige (2 Tm 3.16,17). No contato com ela, podemos reconhecer que mesmo os atos de disciplina de Deus são bons (v.68) e são um reflexo da própria bondade dEle para conosco e uma oportunidade “em cores” e “ao vivo” em nossas vidas de aprendermos os decretos do nosso Deus.
    Quando nos posicionamos ao lado do Senhor, os opositores da Verdade usarão de armas carnais (v.69); mas, não nós! Nossas armas são espirituais e a obediência aos preceitos do Senhor é uma delas. Mesmo que parece sem sentido, siga obedecendo! Porque o que se desvia da Palavra ganha em troca um coração insensível (v.70), pois não é trabalhado pelo Espírito de Deus através da voz de Deus em Sua Palavra. O que o levará a decisões mais e mais longe da vontade de Deus. O contrário é um coração que é trabalhado pela submissão e vê sua cerviz quebrada pelo amor soberano de Deus.
    Irmão, diga como o salmista no verso 71, prefira a dor à desobediência, prefira o castigo se for o necessário para voltar para o Senhor; o autor de Hebreus ensina que nem nossa própria vida é mais importante do que honrar a Deus com nossa obediência! (Hb 12.4).
    Não despreze a repetição deste conceito. Os versos 67 e 71 são paráfrases um do outro. Formulações diferentes da mesma ideia. Isto é: a disciplina é benção diante da possibilidade ou mesmo da realidade do desviar do caminho da justiça, do caminho de Deus.
    Finalmente (v.72), creia também que o seu Deus é mais precioso do que riquezas... Quantos tem trocado a sua santidade por um punhado de moedas! Quantos tem trocado a obediência a Deus por algo transitório! Que o Senhor nos ajude pela Sua graça e misericórdia a não negociarmos nossa vida com Ele!

Dia 11 de junho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 08”
    Hêt (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)
57 Tu és a minha herança, Senhor; prometi obedecer às tuas palavras. 58 De todo o coração suplico a tua graça; tem misericórdia de mim, conforme a tua promessa. 59 Refleti em meus caminhos e voltei os meus passos para os teus testemunhos. 60 Eu me apressarei e não hesitarei em obedecer aos teus mandamentos.
61 Embora as cordas dos ímpios queiram prender-me, eu não me esqueço da tua lei. 62 À meia-noite me levanto para dar-te graças pelas tuas justas ordenanças. 63 Sou amigo de todos os que te temem e obedecem aos teus preceitos. 64 A terra está cheia do teu amor, Senhor; ensina-me os teus decretos.

        Você já soube de histórias, reais ou fictícias, em que alguém recebeu uma herança? A simples menção da palavra já coloca pensamentos de prosperidade na mente da pessoa e cifrões aparecem nos olhos. Sem dúvida, uma herança polpuda pode mudar a vida de alguém de um dia para o outro.
    Muitas vezes, detalhes das palavras em textos nos escapam. O verso 57 começa colocando Deus na posição de “herança” (ou “porção” em outras versões). Certamente, uma herança bem diferente daquela sobre a qual começamos falando. Mas, perceba: o salmista não fala das bênçãos do Senhor, nem dos Seus livramentos ou respostas de oração; não. Ele mesmo é nossa herança; algo que nos é deixado para podermos viver a vida. Algo que traz riqueza à nossa vida. A resposta a isso é simplesmente obediência, pois como andaríamos de forma contrária a Algo que, nos sendo presenteado, nos dá sentido à vida? Assim como uma herança pode definir o novo rumo do herdeiro, o Senhor Deus como nossa herança deve definir o nosso rumo, um rumo de obediência.
    Diante disso (v.58), o salmista reconhece sua divina e clama por Graça e por misericórdia conforme fora prometido por Deus. Ele nos acompanha em nossas lutas. Sermos participantes da herança divina realmente é algo que exige de nós. Exige santidade, novidade de vida, arrependimento, e tantas outras coisas que só podemos pedir graça e misericórdia mesmo. Então, (v.59) ele reflete nas decisões, erros e acertos da sua vida e reconhece que apenas nos “testemunhos”, apenas andando na Palavra de Deus sua vida  pode estar no caminho certo. Este é o sentido de arrependimento genuíno. Uma mudança de direção, uma mudança de 180º. Não mais indo para onde eu estava, mas agora indo para onde eu deveria estar. Andar errado é algo que não podemos fazer por muito tempo, antes devemos correr (v.60) rumo à obediência, e obediência total e incondicional, dos mandamentos de Deus. A ideia de fuga não é exagero. É a ideia real de alguém que vislumbra os perigos da desobediência e escapa. E ninguém escapa caminhando, não é mesmo? A gente “vaza”, tal como se diz no popular. A gente corre em direção à segurança; neste caso, dos mandamentos de Deus.
    E a razão é simples: as lutas chegam antes de que esperamos.
    No verso 61, é exatamente essa expectativa de oposição que é destacada pelo salmista. No entanto, ele continua resoluto em lembrar-se dos princípios da “Lei” do Senhor. Esta é a estratégia na luta: tire os olhos do inimigo e volte os olhos para o Senhor através das determinações da Sua Palavra. É possível, inclusive, que a ofensiva do inimigo tenha sido favorecida pelo meu caminhar em desobediência. Ou seja, mais um motivo para consertar meus caminhos.
    Quando fazemos isso, à semelhança do Salmo 40.3 (“Pôs um novo cântico na minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus...”, somos levados à adoração (v.62), pois só adora aquele que confia, que descansa no Deus que conhece. Em uma época em que meia-noite já seria considerada alta hora de sono (pois as pessoas dormiam e acordavam bem mais cedo), o salmista interrompe seu descanso para adorar e agradecer ao Senhor.
    Repare que a adoração está intimamente ligada à revelação escrita de Deus (final do verso 62), pois apenas através dela podemos conhecer a Deus como Ele determinou se revelar a nós! Cantar é maravilhoso. Porém, como servos de Deus, o adoramos segundo Ele mesmo se revela em Sua Palavra. E não com meros pensamentos e figuras humanas. A Palavra e as verdades nela contidas são a base da nossa adoração.
    Outro fator nas lutas, quando andamos com Deus, é que não estamos sozinhos. Sempre teremos, mesmo que seja um remanescente, pessoas que também temem ao Senhor (v.63). Esses não são reconhecidos por grandes feitos ou “grandes” ministérios, mas pela obediência à Palavra. Santidade é obediência, o resto é apenas aparência e discurso vazio.
    E essas parcerias vão se estendendo e se estendendo até ao ponto de percebermos que “A terra está cheia do teu amor”! Até notarmos que em toda Terra Deus está realizando Sua obra. Mesmo nos lugares de perseguição, “a Palavra de Deus não está presa” (2 Tm 2.9). Uma grande nação, um povo está sendo levantado pelo Espírito de Deus. Um povo que deseja ser ensinado nos decretos de Deus, assim como o salmista. Eu e você somos encarregados da expansão deste povo. Somos encarregados de tornar verdade casa vez mais que a terra esteja cheia do amor e da glória de Deus até que Ele venha reinar absoluto sobre ela e termine essa expansão.

Dia 25 de junho de 2017

“Caminhando no Salmo 119 - 10”
    Iode (cada verso nesta sessão, começa em Hebraico com esta letra)
73 As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me entendimento para aprender os teus mandamentos. 74 Quando os que têm temor de ti me virem, se alegrarão, pois na tua palavra coloquei a minha esperança. 75 Sei, Senhor, que as tuas ordenanças são justas, e que por tua fidelidade me castigaste. 76 Seja o teu amor o meu consolo, conforme a tua promessa ao teu servo. 77 Alcance-me a tua misericórdia para que eu tenha vida, porque a tua lei é o meu prazer. 78 Sejam humilhados os arrogantes, pois prejudicaram-me sem motivo; mas eu meditarei nos teus preceitos. 79 Venham apoiar-me aqueles que te temem, aqueles que entendem os teus estatutos. 80 Seja o meu coração íntegro para com os teus decretos, para que eu não seja humilhado.

    Nossa seção de hoje do maior Salmo das Escrituras começa com uma declaração para colocar evolucionistas e naturalistas de cabelo em pé: Deus nos formou! (v.73) Somos feitura dEle, como diria o Salmo 139. Assim, Quem mais poderia conhecer os detalhes e os fatos mais intrínsecos do ser humano do que o seu Criador? Portanto, precisamos ir a Ele para obter respostas para nossa vida, através da Sua Palavra. O Criador explica a criatura; simples assim. E Ele o faz através da Sua Palavra. Algo que requer dedicação e estudo, oração e meditação.
    Nossa dependência e obediência das Escrituras servem de motivação para outros que desejam viver da mesma maneira (v.74); que maneira maravilhosa de motivar o povo de Deus, isto é, sendo modelo de vivência das Escrituras! Claro que Cristo é nosso exemplo e modelo absolutos, mas somos incentivados a nos espelhar uns nos outros. A dependência da Palavra na vida do meu irmão deve me alegrar e me motivar; e vice-versa. Que dinâmica maravilhosa nosso Deus arquitetou.
    Mas, ser disciplinado é também parte da experiência do salmista ao andar com Deus (v.75); na qual ele reconhece a justiça de Deus em castigá-lo. Nisso também há uma troca de exemplo entre os filhos de Deus. As quedas e restaurações nossas e de outros devem ser testemunhos de como não compensa a desobediência e de como nosso Deus nunca nos disciplina por sadismo ou outro motivo torpe. Seu objetivo é sempre nos educar na prática da justiça e nos fazer mais semelhantes a Seu Filho. E em meio à disciplina (v.76), a certeza de que se trata de um ato de amor da parte de Deus deve nos consolar. Ele prometeu, e assim Ele agirá.
    A humildade de clamar pela misericórdia de Deus (não receber o que merecemos) precisa ser um produto da disciplina (v.77). Arrogância e insubmissão apenas retratam que não aprendemos nada quando disciplinados por Deus. E essa humildade nos coloca em contraste com arrogantes (v.78) que podem, inclusive, terem sido instrumentos de Deus na nossa disciplina. Tal como os babilônios foram usados na disciplina de Deus contra o povo de Judá. Assim, mesmo errados e mal intencionados, muitas vezes os planos maus de pessoas são usados por Deus. Por exemplo também, os irmãos de José. Prejudicaram a José de forma arrogante e sem motivo (justificável), mas Deus soberanamente usou isso para realizar Seus propósitos eternos.
    Em meio a tudo isso, não estamos sozinhos: aqueles que temem também ao Senhor estão ao nosso lado (v.79). Um irmão em disciplina (durante e depois) não deve ser abandonado. Tendo eles temor gerado no entendimento das Escrituras, eles devem estender a mão e ser mais uma demonstração da misericórdia de Deus enquanto estamos na disciplina.
    Finalmente, a maneira de prevenirmos a necessidade de encontrarmos Deus na disciplina é um coração íntegro diante da Palavra de Deus. Eis aí a receita de vida feliz e vitoriosa. Isto não significa que podemos ser provados por Deus. Ele ainda pode precisar nos purificar pelo fogo da tribulação. Mas, pelo menos, não entraremos nele por um motivo de desonra (desobediência) a um Deus tão maravilhosos como O que servimos.

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