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Dia 04 de dezembro de 2016

"O NATAL VEM ANTES DA QUEDA"

    Há cerca de 2.000 e tantos anos, o nascimento de Yeshua Hamashiah, Jesus Cristo, mudou a história da humanidade. Isso não é a primeira vez que um evento muda os rumos da história humana. Poderíamos citar guerras, personalidades e invenções sem as quais  certamente teríamos um planeta terra totalmente diferente. De forma bem recente, veja o que a internet causa e modifica as relações sociais desde o final do século passado! Quem já teve que escrever uma carta (pois um DDD era muito caro), sabe a diferença que é um e-mail ou uma mensagem instantânea. Muitos hoje nem sabem o que significa um DDD!!!
    Porém, o nascimento de Jesus é diferente. Primeiro, porque ele não foi uma surpresa ou algo imprevisível como muitos dos “alteradores de história” que conhecemos. Ele foi predito e profetizado milhares de anos antes. Segundo, porque ele não podia ser produzido ou evitado pelos homens. Podiam tentar, mas não fariam a Sua chegada acontecer; nem, a podia impedir. 
    Em Gênesis 3, encontramos o capítulo mais negro da história da humanidade: a Queda do homem, a entrada do pecado em nossa história. A relação deste capítulo com o nascimento de Jesus é muito importante. Ela nos revela o controle de Deus sobre a história; um Deus já preparado para lidar com a nossa condição de Sua criação, agora, caída no pecado.
    Em Gênesis 3.15, lemos “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.”. Aqui está o Natal, isto é, a vinda do Salvador profetizada apenas instantes depois da Queda do homem.
    Essa prontidão em agir logo depois da Queda nos 

aponta alguns fatos sobre o nosso Deus.

    Primeiro, o Natal foi planejado. Na eternidade passada, nosso Deus já sabia da realidade que viria a ser quanto ao pecado e, devido a ele, quanto a enviar o Seu Filho para nascer entre nós. Assim, o Natal é uma celebração da onisciência e soberania do nosso Deus.

    Segundo, o Natal foi um ato de amor e misericórdia. Quando o homem cai, ir em sua ajuda nos mostra o amor de Deus; é verdade. Mas, nos mostra também a Sua misericórdia, pois Ele poderia simplesmente não ter feito nada. Ele poderia deixar o homem “se virar” com o enorme problema que causou sobre si mesmo e sobre toda a Criação. Sinceramente? Deus tinha o direito de apagar da existência a tudo o que havia criado e começar de novo. Ora, quem saberia? Mas, antes, Ele prova o Seu amor e misericórdia em que Ele concebe um plano no qual Seu Enviado esmagaria a cabeça da serpente, mas também seria ferido.

    Terceiro, o Natal foi um ato soberano. Apesar de planejar as coisas, raramente podemos ter certeza de que elas se cumprirão como as planejamos. Na verdade, frequentemente somos surpreendidos com as coisa não dando tão certo como planejamos. “Adaptar”-se é a palavra chave da humanidade; bem ao lado de “flexibilidade”.
    Não para o nosso Deus. Desde a eternidade passada e, através da profecia estabelecida em Gênesis 3, não havia, nem nunca houve depois disso, nenhuma possibilidade das coisas não “darem certo”. Nem mesmo dEle necessitar adaptar-se ou ser flexível ao ser surpreendido pelo andamento. O Natal iria acontecer e não havia nenhuma sombra de dúvida quanto a isso. Pois “O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agrada” (Sl 115.3).

    Calvino disse, “Antes que houvesse luz, havia Cruz”; ao que podemos concordar e completar, “...e havia uma manjedoura.”

Dia 18 de dezembro de 2016

"O DEUS PRESENTE NO NATAL"

    Uma das profecias sobre a vinda do Messias (fato que se concretiza no primeiro Natal) concede a Ele um título espantoso para o judeu do 8 século antes de Cristo. O texto se lê, “Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel.” (Is 7.14). 
    Emanuel significa “Deus conosco”, “Deus entre nós”, “Deus vive entre nós”. 
    Ele não traz em si um apelo ao pessoal, mas, sim, ao coletivo; a primeira pessoa do plural deixa isso claro: nós, conosco. Se referia a uma presença que influenciaria a nação; até mesmo, a humanidade. Mesmo que os efeitos sejam realizados também a partir do relacionamento individual com este Emanuel, o destaque aqui é para o coletivo, tirando o destaque e o foco no indivíduo. Há apenas um indivíduo “destacado” aqui e Ele é divino.
    Emanuel também possui uma expectativa do novo, do desconhecido. O povo do Antigo Testamento havia experimentado um relacionamento bastante distante para com Deus. É possível se contar nos dedos o número dos encontros pessoais que aconteceram após Gênesis 3, após a Queda e o pecado do Homem. Aliás, eis aí, creio eu, a razão principal desta distância. Um Deus três vezes Santo, como aclamado pelos Serafins na visão de Isaías, não poderia conviver com o homem  pecador. Sua glória e poder transtornariam a normalidade humana e envergonhariam a realidade espiritual do homem. Nos poucos encontros,  mesmo esses, eram bastante misteriosos. Uma sarça ardente, um monte em chamas, coluna de fogo... Deus buscava “traduções” de Sua pessoa para que o homem pudesse O compreender ou, pelo menos, ter algum relacionamento e contato com Ele. A Lei buscava isso também. Eram preceitos que (se compreendidos corretamente) deveriam diminuir o mistério de Deus para o povo. E, não se pode esquecer, Deus falava. O papel dos profetas era ser a comunicação de Deus com o povo para que este O conhecesse melhor.
    O novo e desconhecido no nome Emanuel vem dele comunicar que o Deus Todo-poderoso e Altíssimo... estaria entre nós? Será que haviam entendido corretamente? Ou seria isso alguma alegoria fantasiosa? Entendo que os leitores de Isaías, da época e depois, resistiram às interpretações alegóricas de escolas rabínicas mais liberais. Eles tinham grande expectativa de que aquela característica separaria o Messias de qualquer outro enviado por Deus. Nenhum profeta, mesmo os mais importantes; nenhum líder, mesmo Moisés; nenhum deles poderia se comparar ao “Enviado”. E isso era novo, desconhecido e gerava grande expectativa. Ele seria mais do que apenas um representante; Ele seria Deus!
    Veja que mesmo no A.T., entendemos que servimos a um Deus transcendente, isto é, separado de Sua Criação, auto-existente e independente dela. E, ao mesmo tempo, Ele é um Deus imanente, isto é, isso descreve o modo como Deus é revelado e manifestado aos homens, sem, contudo, ser confundido com a Criação. Significa a relação de Deus com Sua criação, através do uso de Seus atributos. Em outras palavras, as pessoas do A.T. não tinham dúvida que Deus existia e que Ele se revelava a eles.
    No Natal, isso muda, sendo elevado à enésima potência na encarnação. O autor de Hebreus esclarece, “Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas,” (1.1-3). 
    Assim, quando lembramos do Natal, lembramos do evento, do advento, quando Deus rasga o tecido do tempo e espaço e entra na história. Os deuses inventados da mitologia greco-romana entravam na história, mas não estavam fora dela. Moravam bem ali, no Monte Olimpo. O Deus único habita a eternidade e Sua Criação não pode contê-lo. Então, Ele se esvazia, se diminui, torna-se como a criatura e bem estar conosco.
    Mesmo depois de Seu retorno ao Pai, o menino-Homem da manjedoura e da cruz continua conosco. O Deus que não nos abandona tem agora ainda mais essa verdade afirmada. Ele está ao lado dos Seus em todo e cada momento. Nos hospitais nos nascimentos e nos lutos. Nos setores de RH na admissão e na demissão. Nas lutas e nas reconciliações nas famílias. Ele é o espectador e, ao mesmo tempo, o principal agente da vida da gente. Ele é a manifestação plena de “nunca o deixarei, jamais de abandonarei”; Ele que diz, “ainda que uma mãe se esqueça do filho que amamente, todavia, eu não me esquecerei de ti”.

Dia 11 de dezembro de 2016

"DESCRIÇÕES DO PROFETA MESSIÂNICO"

    O nome de Isaías significa “Salvação do Senhor” e está, na verdade, muito próximo do nome do nosso Senhor, Yeshua, “O Senhor é salvação”. Seus escritos cobriram dezenas de anos e o reinado de quatro reis de Judá (Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias). E neles, ele chamou ao arrependimento uma nação contumaz na rebeldia e na desobediência. E falava de dias melhores, os dias do Messias. Nisto, ele traz, “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Podero­so, Pai Eterno, Príncipe da Paz.” (9.6). Uma promessa e uma descrição que deveriam levar o povo a um desejo de viver em obediência e fidelidade para que os dias do Messias não os encontrasse debaixo do juízo de Deus.
    Mas, como a caracterização do Messias poderiam influenciar a vida espiritual da nação? Vejamos...


    1.) Ele é um menino nascido em nosso benefício, para nós. Mas, especificamente e no contexto, Israel é esse “nós”. Ele viria como parte do povo pactual restaurando a esperança de que este Pacto não iria falhar, nem ruir. Israel estava destruindo a beleza do Pacto, mas o Messias iria restaurá-lo. Ele traria (e trouxe) um Novo Pacto, Jeremias e Ezequiel nos explicariam mais tarde. E este Novo Pacto ou Aliança repousa unicamente sobre Ele; nunca irá ruir.

    2.) Sobre este menino estará o Governo. Sua soberania é reafirmada. Em dias onde a desobediência dos homens desafiavam a soberania de Deus, o Messias vem prometendo que isso emnada afetaria Sua posição. Mesmo que a desobediência continue, Ele continua reinando acima dela e, apesar dela, realizando Seu plano magistral. 

    3.) Ele será Maravilhoso Conselheiro. Comentaristas divergem se esta é uma expressão única ou são duas descrições do Messias. Assumindo ser uma expressão única, começa com uma palavra comum e que usamos para tantas coisas: “maravilhoso”. No hebraico, ela pode ser traduzida como “fora do comum, extraordinário, difícil de ser compreendido”. Trata de algo que está fora da experiência humana e que faria um homem que não era fisicamente atraente, nem possuía influência religiosa ser seguido pelas multidões e temido pelo “ordinários” líderes de Seu tempo. Como “conselheiro”, ouvi-lo seria de tirar o fôlego. Aprender dele faria as horas passarem sem serem percebidas. Estar longe dele faria as atividades monótonas e sem fascínio. E isso Ele já demonstrava em Sua adolescência quando ensinava entre os mestres no Templo, deixando a todos “maravilhados com o Seu entendimento e com as Suas respostas” (Lc 2.41-52)

    4.) Deus Poderoso é uma descrição que deveria levantar os mais profundos debates teológicos nos dias de Isaías. Como pode o Messias ser um filho, um menino e... ao mesmo tempo o Deus Eterno? A pergunta certa é “como Ele não teria que ser os dois?”. Homens nunca serão salvadores dos próprios homens. Deus precisava romper com o tempo e o espaço e se tornar um de nós para levar a termo nossa salvação. Isaías traz a esperança de saberem que o Deus Eterno não os abandonou, mas viria para salvá-los, tal como gritariam 800 anos depois ao dizer, “Hosana”, “Salva-nos!”.

    5.) Ele também seria o nosso Pai Eterno (ou da Eternidade). Chega a ser algo impressionante como o Messias é aproximado do Deus Eterno de Israel nesta expressão. Sabemos que Ele é o Filho. Apenas aqui, porém, a intenção é deixar claro que não seria um anjo ou um emissário, mas Aquele que criou o tempo, Aquele que criou a própria Eternidade e que entraria no nosso tempo para nos libertar.

    6.) Finalmente, Ele seria nosso Príncipe da Paz. “Shalom” é uma das palavras mais conhecidas do hebraico. Traduz bem estar com Deus e com os homens. Este era um povo que teve uma história de conflitos. Quase a totalidade provocada pelos seus pecados e rebeliões contra o Senhor Deus. Agora o Messias era prometido como Aquele que terminaria isso. De fato, Ele faz isso na vida das pessoas, em seus relacionamentos. E mais ainda, um dia, Ele estabelecerá o Seu Reino no qual a paz será a regra absoluta. O verso seguinte nos diz, “Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.”.
    Ele seria tudo isso e, no primeiro Natal, Ele, Jesus, o Messias, se revelou tudo isso. Deixe que essas verdades fortaleçam sua vida espiritual, seu relacionamento com Ele.

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