Dia 14 de fevereiro
“O EVANGELHO: A ÚNICA MENSAGEM PARA O MUNDO PÓS-MODERNO”
1 João 3. 13 - João 14. 6
Tal como a mensagem sobrenatural da Bíblia era ofensiva ao mundo do modernismo, a mensagem única da Bíblia é uma ameaça ao mundo pós-moderno. Ela é exclusivista, excludente e intolerante. E o mundo pluralista e tolerante não aceita isso.
A Igreja está em oposição ao Mundo; é Igreja versus o Mundo (1 Jo 3.13).
Charles H. Spurgeon disse certa vez...
“Os cristãos estão em perigo não quando estão sendo perseguidos pelo mundo, mas quando estão sendo admirados.”
Lucas 6.26 - João 7. 7
A mente pós-moderna é irreconciliável com a verdade absoluta das Escrituras, as quais foram divinamente inspiradas. Usam de “tolerância”.
Mas, a tolerância cristã se traduz em amar as pessoas mesmo considerando-as erradas em suas posições e atitudes e não se calar quanto a isso se for no melhor interesse daquela pessoa. Isso é amar de verdade. Por outro lado, a versão pós-moderna de tolerância é nunca discordar ou “julgar” a opinião de outro como errada.
Eis seis conceitos-chave da distinção do pensamento único das Escrituras para a ideologia pós-moderna.
1.) OBJETIVIDADE (Jo 17.17): O cristianismo autêntico começa e é reconhecido por uma premissa: existe uma fonte de verdade externa a nós e ela é a Palavra de Deus. Ela é objetivamente a verdade revelada.
Nisso, a assertiva bíblica já se coloca em rota de colisão com o pensamento pós-moderno, pois esse defende que não há verdade absoluta ou não temos como conhecê-la. Ele afirma ainda que a verdade é uma criação da mente humana; o homem determina sua própria realidade.
Por outro lado, a mensagem que temos é única e imutável, é objetiva e vem direto de Deus! Este é o ponto de partida e o fundamento da cosmovisão cristã verdadeira. Isso é que sustenta o Evangelho como única mensagem, única resposta ao mundo pós-moderno.
2.) RACIONALIDADE (1 Jo 2.21): A revelação objetiva das Escrituras é racional. Não há contradições, nem erros, muito menos ensinamento mal embasados ou mal ensinados. O que Deus planejou nos revelar claramente, Ele revelou claramente. Aquilo que era apenas para compreendermos parcialmente, Ele revelou parcialmente. E aquilo que não precisamos conhecer, ora, não era da nossa conta e Ele não revelou.
Essa racionalidade traz arrepios à pós-modernidade que prefere a contradição, o absurdo, o subjetivo e os sentimentos.
Contudo, é importante diferenciar RACIONALIDADE de RACIONALISMO. E que diferença há! Racionalidade é o uso da razão para analisar e definir questões, inclusive com o uso de fatos que desafiem a pura razão como uma revelação sobrenatural vinda da parte de Deus; sendo esta revelação (em nosso caso) a fonte e teste final para definir tudo. O racionalismo é colocar a razão acima de tudo e como fonte em si mesma para se achar a verdade, sendo ela a fonte e o teste de tudo.
3.) VERACIDADE (2 Samuel 7.28): A fé cristã genuína não está preocupado principalmente com nada mais a não ser a Verdade. E as Escrituras são “a” fonte de toda verdade que precisamos para nossa vida. Elas também são o mais elevado padrão da verdade, pelo qual toda e qualquer alegação sobre a verdade deve ser julgada.E isso é o bastante para nos colocar em rota de colisão com o pós-modernismo, pois o mesmo afirma que não se pode alegar conhecer a verdade objetiva.
4.) AUTORIDADE (Mc 1.22): Acreditamos que as Escrituras são a verdade de Deus e que as podemos compreender. E agora, precisamos exercer na prática o que elas estabelecem.Falarmos as Escrituras e reafirmarmos seus ensinos carrega a autoridade do próprio Deus. E isso é uma ameaça por si só a uma sociedade que ama o seu pecado e espera “tolerância” para que possa pecar em paz. E piora quando a voz profética da Igreja é calada ou camuflada com medo da rejeição da sociedade.Mas, o cristão tomar a voz da Palavra como ordem e comando e agirá no mundo debaixo desta autoridade. Mesmo calado liderando pelo exemplo, ele já ofenderá as escolhas do mundo pós-moderno.
5.) INCOMPATIBILIDADE (Is 8.20): Se a Palavra é totalmente verdade, por dedução ela é incompatível com a mentira. No nosso texto inicial, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, Jesus afirma a exclusividade do Cristianismo. E algo exclusivo é por conseguinte incompatível com as alternativas.Claro que esta exclusividade torna o cristianismo incompatível com o pensamento pós-moderno. Isso porque o ensino cristão será tomado como intolerante com o erro conhecido e a passividade ou cumplicidade com o erro não é permitido pelo cristão. Mesmo com a desculpa do “amor”.
6.) INTEGRIDADE (Pv 11.3): Integridade está na essência de todas as palavras anteriores. Não há como manter a objetividade, racionalidade, veracidade, autoridade e incompatibilidade sem Integridade. A falta dela compromete todas as demais.Integridade está na lista de qualificações ministeriais dada a Tito e Timóteo na forma da palavra “irrepreensível”. Ou seja, se acreditamos que a Palavra seja a Verdade que pode ser entendida racionalmente, viver isso é inegociável. Não basta apenas pregar. Não fazer desta forma é o mesmo que negar a verdade. (Tito 1.16; Ed 7.10). Tal integridade deve moldar nossas vidas e nossos ministérios como Comunidade Batista Videira. Deve ficar evidente na maneira como cultuamos. Sem entretenimento, sem centralidade nas pessoas, sem mensagens humanistas ou antropocêntricas. Não nos esquivarmos das partes difíceis e doloridas como a disciplina e a confrontação na Igreja conforme estabelecidas em Mateus 18.15-20. Significa buscar obedecer às Escrituras não importando quão politicamente incorreto seja. Ou, fora de moda. Isso é integridade. A qual se aplica tanto à forma como lidamos com o conteúdo da revelação, quanto como vivemos em relação a esta revelação.
(Baseado no livro de John MacArthur, "Princípios para uma Cosmovisão Bíblica".)
Dia 21 de fevereiro
"A TENTAÇÃO DE JESUS"
Lucas 4.1-13 nos traz o registro da tentação de Jesus logo no começo do Seu ministério messiânico. Um texto que levanta algumas questões intrigantes. O Filho de Deus (sendo o próprio Deus) poderia pecar? Como Satanás poderia alimentar alguma esperança em conseguir derrubá-lO? Foram essas três as únicas tentações ou houve outras? Qual o objetivo último dele se deixar passar por isso?
Nem todas as perguntas podem ser respondidas com exatidão textual. Mas, algumas podem, bem como lições (e muitas) podem ser tiradas destes treze versículos.
1.) A lição do exemplo.
Tal como argumentou com seu primo João Batista (Mt 3.14-15), quando este estranhou ter que batizar o Messias, Jesus estava estabelecendo que viveria uma vida justa, viveria a nossa vida; não apenas morreria a nossa morte. Ele estabelece o exemplo citado pelo autor de Hebreus (4.15) de ser tentado, mas, nunca pecar. Ele é nosso campeão e modelo na principal luta que temos, a saber, a luta contra o nosso pecado. Mesmo na tentação dele, Satanás nada mais pode fazer do que estender as oportunidades. Mas, aí acaba a extensão de sua culpa. Todo o resto seria culpa dEle; bem, como, é nossa.
2.) A lição da prioridade em Deus.
Na primeira tentação, a fome extrema de Jesus é usada pelo diabo. Ele o desafia a transformar pedras em pães. Jesus responde citando Deuteronômio 8.3, revelando que a intenção do diabo era quebrar a dependência de Cristo para com Deus, tomando a solução em Suas próprias mãos. Poder não lhe faltava. E, para Aquele que um dia iria conquistar a morte, transubstanciar do mineral para o vegetal (pães são feitos de trigo), não era grande desafio. O texto citado revela que o conhecimento de e sobre Deus deve nos cativar muito mais do que o preenchimento de necessidades físicas, pois é dele que vem a vida dependente. Ou seja, da Palavra de Deus.
3.) A lição da submissão ao plano de Deus.
Na segunda tentação registrada por Lucas (Mateus usa a ordem inversa), o fim último da missão do Messias é usado. Em última instância, os reinos do mundo serão dados dados ao Filho (Sl 2.8) como recompensa pela Sua obediência. Satanás oferece um atalho. A palavra usada (proskynēsēs) significa “dobrar seus joelhos perante”, no caso, o diabo. O Criador (santo, glorioso, majestoso) diante da criatura (vil, asquerosa e corrompida) e tudo seria imediatamente dado a Cristo. Nada de cruz, sofrimento, incompreensão... tudo resolvido de forma rápida. Mas, a resposta de Jesus demonstra que Ele sabia o Seu lugar. E no momento era sendo modelo de submissão. O “culto” citado (Dt 6.13) por Jesus não é uma reunião de Igreja, nem um evento, mas uma atitude! Temor, reverência, submissão, adoração, auto-humilhação são as atitudes de quem cultua o Ser Excelso do Universo, Criador e Deus. E tal qual o povo foi advertido por Moisés de que não deveria esquecer de Quem havia dado a eles tudo o que tinham, de Quem era o Senhor de suas vidas, Jesus deixa claro que Ele sabia bem disso.
4.) A lição da integridade diante do plano de Deus.
Finalmente, o diabo tenta Jesus a apressar o plano de Deus, mudá-lo para uma versão onde todos o veriam ser salvo por anjos e o reconheceriam como sendo alguém especial, até o Messias. De fato, ele usou mesmo as Escrituras (Sl 91.11-12) falando da proteção prometida por Deus. Porém, usando a Palavra também, Jesus deixa claro que seria tentar a Deus fazer as coisas do seu jeito, forçando-o contra a Sua Palavra e, principalmente, duvidando se o Pai estava mesmo ao lado dEle. É sobre isso que Moises adverte o povo (Dt 6.16) relembrando quando eles duvidaram se Deus estava no meio deles (Ex 17.7) depois de tudo o que haviam experimentado.
5.) A lição da centralidade na Palavra.
O mais interessante é a repetitiva resposta de Cristo, “Está escrito”. Seu maior exemplo e lição é que sendo Ele a Palavra Vida, a Verdade e a Revelação final e absoluta do Pai. Podendo Ele produzir algo novo. Cristo escolhe usar a revelação escrita que passou milhares de anos apontando para Ele mesmo. As Escrituras testemunham (Jo 5.39) desde Gênesis até Malaquias (no tempo de Cristo) e até Apocalipse (para nós hoje). E se Ele fortaleceu-se na tentação, lembrando-se do que o Pai havia revelado aos escritores sagrados, lembrando da Verdade já revelada, pense no poder da mesma Palavra contra nossa carne, nosso pecado e, claro, Satanás!
O que mais me impressiona é que eu teria dito, “Senhor, não precisas passar por isso; eu sei que as ofertas do diabo não são nada para Ti” (Bem, a bem da verdade, eu falaria isso sobre qualquer coisa que causasse o mínimo incômodo a Ele). Mas, Ele escolheu o deserto da tentação. Como antes havia escolhido a manjedoura e, logo mais, escolheria a cruz. Ele não precisava. Mas, eu precisava que Ele assim escolhesse.
Dia 28 de fevereiro
"SUCESSO, AÍ VOU EU!" (Js 1.1-9)
Depois da morte de Moisés, seu ajudante tem diante de si o desafio de preencher os sapatos do maior líder hebreu que jamais havia existido. Não estamos falando de nenhum garoto, Josué, a pessoa em questão, já tinha alcançado a terceira idade. Não obstante, tratava-se de um desafio enorme.
A seu favor, Josué tinha a recomendação e o endosso de Moisés. Além de tê-lo ao seu lado durante os quarenta anos de travessia do deserto, antes de morrer, Moisés havia imposto as mãos sobre Josué; um gesto de comissionamento e reconhecimento de autoridade instituída por Deus. Mas, principal, foi o credenciamento de Deus, “Josué, filho de Num, estava cheio do Espírito de sabedoria”, algo que as mãos de Moisés não produziram; apenas o próprio Deus poderia.
Diante deste desafio, creio que qualquer pessoa normalmente iria buscar capacitação para suprir suas necessidades de liderança. Talvez, consultar-se com aqueles que como Moisés puderam obter algum preparo maior pela convivência com os egípcios. Em nossos dias, um líder espiritual é incentivado a ter uma faculdade de psicologia (ou qualquer faculdade que o seja); é incentivado a fazer cursos de administração e liderança. Espera-se dele que seja um estrategista. “Espiritualmente”, que esteja antenado nas mais novas ondas de sucesso ministerial e crescimento de igreja. Oras, que ele esteja “na visão”.
Mas, e Josué? Da parte do próprio Deus, o qual creio, sabe muito bem o que ele precisava, ele ouviu uma sequência de fatos e ordens. Vamos a eles.
1.) Encare a sua realidade. “Meu servo Moisés está morto” (v.2). Ora, claro que Josué sabia disso. Haviam tido, inclusive, um luto de trinta dias! Mas, o que parece é que antes de tudo, Deus queria que Josué soubesse que estava por sua própria conta. Não havia mais a segurança (artificial) da presença de Moisés. Era ele e Deus... “apenas”.
Deserto, vale, montanha... tristeza, alegria, paz, intranquilidade... sua realidade vai sempre variar. E isso nem é o que importa. O que importa é encará-la como Deus a encara. É trata-la como ela é: uma circunstância debaixo da soberania de Deus.
2.) Concentre-se na tarefa. “Agora, pois, você e todo este povo preparem-se para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas” (v.2-4). Houve o tempo apropriado para luto, mas haviam chegado até ali por um motivo. A terra diante deles deveria ser tomada. Josué deveria voltar-se imediatamente para isso e começar os preparativos e passos práticos para que acontecesse o que Deus havia prometido aos patriarcas. Deus não tem sonhos para sua vida. E, sinceramente, os seus deveriam nem existir. Sonhos são nuvens, pó e abstrações. Deus tem planos, propósitos, decretos, vontade soberana. A qual é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). O que há de melhor do que trocar seus fúteis e humanos sonhos pelos planos de Deus? Qual alternativa trará mais plenitude de realização? Então, descubra o Grande Plano de Deus e seus pequenos passos ou etapas e marche em direção aos adversários entre você e a terra prometida.
3.) Mantenha em mente a origem da sua capacitação.
(v.5) “Ninguém conseguirá resistir a você todos os dias da sua vida. Assim como estive com Moisés, estarei com você; nunca o deixarei, nunca o abandonarei”. Além de estar no N.T. em Hebreus, este texto lembra demais a despedida de Jesus em Mateus 28 e Sua promessa, “eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Josué foi assegurado que tudo o que ele havia presenciado desde que Moisés apareceu desafiando ao Faraó quarenta anos atrás, não era por causa de Moisés. Sim, o texto diz que nunca houve como Moisés. Mas, isso é verdade sobre todos os servos de Deus, inclusive eu e você. Nunca houve também outro como Josué. E somos todos usados pela Graça e pelo poder infindos do Deus que promete Sua companhia. Sem ela, seremos como qualquer povo (Ex 33.16).Deus não quer que sejamos como outro, mas, sim, como Ele nos planejou em Cristo. Nele, em Cristo, estamos guardados e capacitados. Somos impulsionados pelo fato de que o mesmo poder que o ressuscitou dentre os mortos habita em nós e nos acompanha! Algo maior do que toda potência atômica do mundo. E maior do que os seus medos também.
4.) Nunca se afaste da fonte do seu “sucesso”. (7-8)“Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite (...) Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido”. Sem consultoria, sem sabedorias egípcias milenares, sem nada a não ser a Lei entregue, ensinada e praticada pelos últimos quarenta anos. Os detalhes condicionais das alianças com Israel dependiam de que assim continuasse quando estivessem na Terra Prometida.
Para nós, somos plenamente declarados obedientes em Cristo, como Nova Criação que somos. Mas, este é prospectiva futura, agora declarada sobre nós. No agora e ainda não, somos pela meditação da Palavra transformados dia a dia. O dia mau sempre chega e chega várias vezes ao longo da nossa vida. Mas, o sucesso prometido a Josué está ao nosso alcance pelas transformação diária na imagem de Jesus, mesmo em meio à lutas e tribulações. Como disse D. L. Moody, “A Bíblia lhe manterá longe do pecado ou o pecado lhe manterá longe da Bíblia”. A fé que você precisa para crer e vencer a tentação e o pecado não está em programas e eventos; mas, na doutrina bíblica e na meditação diária nas Escrituras.
Que tal como o Josué, possamos ouvir os conselhos do Senhor e contar com o sucesso de viver Seus propósitos soberanos e Sua boa, perfeita e agradável vontade.