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Dia 06 de novembro de 2016

"ORAÇÃO, AÇÃO E CONTENTAMENTO"

    Um dos episódios mais conhecidos da vida do grande Rei Davi é, exatamente, a sua pior hora. É quando ele deveria estar junto aos seus exércitos, mas estava no palácio (2 Sm 11.1) e se desencadeia uma série de eventos que culminariam em adultério e morte.
    Davi é repreendido por Natã, o profeta. E como parte de sua punição por seus pecados contra o Senhor (algo admitido pelo próprio Davi em 2 Sm 12.13), o filho daquele adultério iria morrer (v.14) e, de fato, logo que sai o profeta, o menino adoece (v.15). Começa ali uma luta entre Davi e o Senhor. Da qual podemos tirar várias lições.
    Primeira: apesar da sentença de Deus dada pelo profeta, ainda assim Davi ora (v.16). Será que ele pensava que Deus não tinha falado sério? Ou pelo menos que não havia enviado Natã? Não, dificilmente Davi seria tão tolo de pensar isso. Davi insiste em oração porque, apesar de seu erro, ele conhecia o Deus a quem servia. Ele sabia que é um “Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado” mesmo que  “não deixa de punir o culpado” (Ex 34.6-7). Na verdade, ele mesmo afirma mais tarde porque orava “Talvez o Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver.” (v.22).
    Oração é o terreno familiar de quem conhece o Deus com quem conversa. Quanto mais você O conhecer, mas confortável se sentirá na oração, independentemente das circunstâncias.
    Segunda: o texto nos instrui no verso 18 que Davi orou continuamente por sete dias. As circunstâncias lhe diziam para desistir, mas ele não se deixou demover por elas. Uma dessas circunstância é óbvia: o declínio do estado de saúde do seu filho. Como nossos olhos físicos dificultam as coisas para os nossos olhos espirituais! Como aquilo que passa diante de nós desafia a continuar confiando no que não vemos. Tal relação, inclusive, aparece em dois textos. Paulo ao tratar sobre a nossa ressurreição nos diz, “Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” (2 Co 5.7), pois o que pode haver de mais chocante aos nossos olhos do que a realidade da morte? Mesmo assim, a fé suplanta isso. O autor de Hebreus completa essa ideia ao dizer “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” (Hb 11.1). Sim, você leu corretamente: CERTEZA! Não uma mera suspeita ou esperança humanas, mas uma convicção de que estando debaixo de um Deus soberano, tudo podemos crer por causa dEle.
    Ainda uma outra circunstância eram as bem intencionadas vocês dos seus conselheiros e oficiais que tentavam tirá-lo daquilo que eles achavam ser uma expressão de mero desespero. Bem intencionados ou não, muitas vezes mesmo as pessoas serão empecilho para nossa perseverança na oração. A Jairo os seus amigos disseram “Sua filha morreu (...) não precisa mais incomodar o Mestre!” (Mc 5.35). As vozes podem tentar nos desanimar e nos abater, nos fazer perder a esperança e abandonar a busca pelo Senhor. Mas, elas nunca poderão demover o nosso Senhor de nos ouvir, nem recolher a Sua mão, nem fechar os Seus ouvidos. Jesus vira para Jairo e..., bem, leia: “Não fazendo caso do que eles disseram, Jesus disse ao dirigente da sinagoga: 'Não tenha medo; tão-somente creia'.”. Não... as vozes ao nosso redor não mudam a disposição do nosso Deus em ouvir a nossa súplica.
    Oração é o campo de batalha entre o que podemos ver e o que não podemos ver. É o teste último entre o material e o sobrenatural, entre a desconfiança e a fé, entre o “nosso jeito” e o “jeito de Deus”.
    Terceira: apesar das orações perseverantes de Davi, a criança morre. Diante do fato, os conselheiros de Davi ficam com medo de lhe contar e vê-lo desmoronar mais ainda (v.18). Mas, o contrário acontece. Tomando conhecimento do fato, Davi “levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa” (v.20). Davi volta à normalidade da vida imediatamente. A oração e o jejum de Davi não eram atos desesperados; eram atos de submissão. Ele não estava ordenando a Deus nada; estava ordenando a si mesmo a que se submetesse a o que pudesse vir a ser a vontade de Deus. Davi não estava “pagando o preço da bênção” como muito veem hoje em dia. Ele estava declarando sua dependência do Deus que detêm a vida e a morte em Suas mãos. Tais fatos ficam ainda mais claros quando lemos que, mesmo antes de comer, o próximo ato de Davi foi ir ao santuário e adorar a Deus. Como ele lembra neste momento o patriarca Jó, “O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). Adoração é o reconhecimento de Deus pelo que Deus é e a gratidão pelo que Ele faz. Mesmo que seja contrário à nossa vontade.
    Oração é a luta em meio à paz e tranquilidade. Não uma manifestação de que estamos perdidos, mas, antes, de que estamos guardados nos fortes braços que nos dão segurança e que estamos debaixo das mãos controlam tudo dentro e fora de nossas vidas.
    Quer o que nos leve aos joelhos seja o hábito que vem da disciplina ou a necessidade urgente, oração nunca pode ser algo “a se pensar” na vida do cristão. Sem ela, falta algo na leitura das Escrituras. Deus falou, mas não respondemos a ele. Sem ela, nos falta discernimento na vida. Somos guiados, mas por nossas próprias vozes e não pela doce voz do Espírito Santo do Deus que ouve nosso clamor.

Dia 20 de novembro de 2016

"A PROFUNDA TRISTEZA DE ALMA"
    De onde muitas vezes vem o desânimo e a triste profunda sobre nossas vidas? Será que ela vem “de lugar algum”? Será que somos vítimas impotentes e não responsabilizáveis por estes estados de tristeza?
    Tais situações em um número mínimo de vezes possuem causam orgânicas. Algumas vezes, por exemplo, um desequilíbrio hormonal pode causar tanto euforia, quanto melancolia. E, essas raras ocasiões, juntamente com a maioria que não são orgânicas, podem levar a diversos níveis mais constantes e profundos que são compreendidos como estados depressivos.
    Deste ponto em diante, deixaremos as poucas ocorrências não-orgânicas de lado. Estes são para médicos, geralmente, endocrinologistas.
    Mas, para os filhos de Deus, se chegarmos a este estado depressivo é porque saímos em algum lugar de uma vida centrada na vontade de Deus. Tal situação não pode ser amainada: ela também é pecado. Portanto, como evitamos descer a estes níveis de profunda tristeza? Vamos caminhar no Salmo 42 e pegar algumas dicas inspiradas ao salmista Coraíta.

    1.) Nossa alma, nosso ser, anseia por Deus (v.1). Não ter este anseio saciado é a origem da tristeza na alma. Como disse Agostinho, “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.”. O salmista compara a sede (por água) com o anseio pela falta que Deus nos faz (v.2).

    2.) Na ausência de Deus, até a tristeza se torna uma alternativa (v.3-4). Sem, de alguma forma, conseguir encontrar ao Senhor, o salmista reconhece que tem se “alimentado”, tem “matado a sua sede”, não com as “águas correntes”, mas com suas “lágrimas”. Um choro de auto-comiseração e nostalgia. Ele se vitimiza no presente, lembrando do passado. É normal, de certa forma, no vale da tristeza, fazermos comparações: “Éramos assim ou tínhamos isso... agora estamos assim e olha o que nos restou!”. 

    3.) Mesmo em meio à profunda tristeza, devemos recorrer a Deus (v.5). Então, mesmo vendo o fundo do poço, o salmista não cava (para baixo), antes, ele olha para cima. Ele questiona a sua alma quanto à sua tristeza. Ele questiona, portanto, a si mesmo! E diz a si mesmo que coloque em Deus a sua esperança. Não em pessoas, nem no seu passado, nem em si mesmo; mas, em Deus! A razão de tal sopro de esperança são as credenciais dEle: Salvador e Deus. Alguns cristãos acham que os atributos de Deus são um assunto banal de classe de novos convertidos. Mas, quando você está atolado em tristeza e alguém lhe oferece ajuda, é importante saber que só Ele salva e só Ele é Deus!

    4.) Enquanto busca sair do fundo, lembre dos que traz esperança e não do que arrasta mais para o fundo (v.6-7). Lembrando de Deus em busca de deixar a tristeza, o salmista lembra que a alternativa nos derruba mais ainda. Lembra que um abismo chama mais abismos. Pensar nas coisas do alto que trazem esperança, renovar a nossa mente nas promessas da Palavra de Deus, ou seja, lembrar de Deus, é imprescindível para mudar nossa visão da situação.

    5.) Confie na fidelidade de Deus e os resultados virão (v.8). O salmista aponta isso ao colocar o efeito no mesmo dia de quando confiamos que nosso Deus é fiel. Mesmo em terreno difícil, passamos o dia andando em Sua fidelidade. E de noite... o exaltamos!

    6.) Nunca perca a sinceridade da sua situação para com Deus (v.9-10). Estes versos não são um retrocesso, uma recaída. Andar em esperança e na fidelidade de Deus não devem entorpecer nossa percepção da dificuldade. Ainda diante dessas coisas, devemos ser sinceros, diretos e “rasgar” nossos corações diante do Senhor.

    Como um refrão, o salmista repete no verso 11 o texto do verso 5. De forma racional, sabendo quem é o Deus que servimos, diga a si mesmo, ordene a si mesmo, questione a si mesmo. Não deixe que suas emoções o arrastem para baixo. Brade, “Por que estou assim se tenho um Deus grandioso, maravilhoso, poderoso, fiel e sempre amoroso? Não, não continuarei em uma espiral descendente. Antes erguerei os braços Àquele que me toma nos Seus braços de meu Salvador e meu Deus!”.

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