Dia 25 de outubro
Post Tenebras, Lux” - Depois das Trevas, a Luz.
Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão culminado no início do século XVI por Martinho Lutero, quando através da publicação de suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517 na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, especialmente a venda de indulgências, propondo uma reforma no catolicismo romano. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco solas (Sola Fide, Sola Gratia, Sola Scriptura, Solus Christus e Soli Deo Gloria).
Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticose a Hungria. A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contrarreforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento.
O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o protestantismo.
A Pré-Reforma foi o período anterior à Reforma Protestante no qual se iniciaram as bases ideológicas que posteriormente resultaram na reforma iniciada por Martinho Lutero.
A Pré-Reforma tem suas origens em uma denominação cristã do século XII conhecida como valdenses, que era formada pelos seguidores de Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que se converteu ao cristianismo por volta de 1174. Ele decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou à sua atividade e aos bens, que repartiu entre os pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua própria língua, considerando ser a fonte de toda autoridade eclesiástica. Eles reuniam-se em casas de famílias ou mesmo em grutas, clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica Romana, já que negavam a supremacia de Roma e rejeitavam o culto às imagens, que consideravam como sendo idolatria.
No seguimento do colapso de instituições monásticas e da escolástica nos finais da Idade Média na Europa, acentuado pelo Cativeiro Babilônico da igreja no papado de Avinhão, o Grande Cisma e o fracasso da conciliação, se viu no século XVI o fermentar de um enorme debate sobre a reforma da religião e dos posteriores valores religiosos fundamentais.
No século XIV, o inglês John Wycliffe, considerado como precursor da Reforma Protestante, levantou diversas questões sobre controvérsias que envolviam o cristianismo, mais precisamente a Igreja Católica Romana. Entre outras ideias, Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva pobreza dos tempos dos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder político do papa e dos cardeais, e que o poder da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder político exercido pelo Estado, representado pelo rei. Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos padres e os organizou em grupos. Estes padres foram conhecidos como "lolardos". Mais tarde, surgiu outra figura importante deste período: Jan Huss. Este pensador tcheco iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Seus seguidores ficaram conhecidos como hussitas.
Como batistas, devemos muito à Reforma. No início de nossa história, no início do século XVII, como vistas na insatisfação de muitos cristãos da época com a Igreja Anglicana (a qual já era um fruto da Reforma), diversos grupos surgiram. Nestes encontravam-se dois grupos mais numerosos, dentre outros, os puritanos e os separatistas. Foi daqui, dos separatistas, que surgiram os primeiros líderes batistas, John Smyth e Thomas Helwys. Mesmo que houvessem dois grupos, os batistas particulares (calvinistas) e os gerais (arminianos), os gerais se misturaram a menonitas e outros e os particulares formaram a base da história da Igreja Batista.
Temos esta herança não em dívida à Reforma, mas aos ideais bíblicos que ela trouxe de volta à igreja. Não como algo estático, mas como algo em crescimento. Como diz outra máxima da Reforma, “Ecclesia reformata, semper reformanda” (igreja reformada, sempre se reformando).
Dia 04 de outubro
O PÓS-CONFERÊNCIA
Todo ano, nos últimos dois anos, passamos a ter duas conferências centralizadas nas Escrituras. Isso depois de muitos anos após nossa única conferência realizada, ainda no prédio da Ville Roy, uma conferência da família.
E, claro, esperamos que seja assim por muitos anos.
Contudo, eventos especiais não são novidade na igreja evangélica. Eles vem e vão e termina-se perguntando “E agora que acabou? O que devemos fazer?”. A falta de objetivo bíblico em muitos eventos, a falta de ligação com o resto do que acontece com a igreja fora dos eventos e a falta de uma reação posterior foram alguns motivos que nos afastaram dessa prática de eventos especiais.
Seria possível corrigir isso? Creio que sim. Primeiro, já corrigimos as duas primeiras questões (do objetivo bíblico e da ligação com o resto da vida da Igreja). Nossas conferências são complementos de uma cultura bíblica que temos buscado fomentar na CBVideira. Na verdade, bem poderiam ser suplementos. Temos nos esforçado e estimulado cada membro no seu conhecimento da Palavra, da Doutrina, daquilo que cremos. E isso é claramente visto nos eventos. Há um objetivo bíblico, há centralidade nas Escrituras que vai além do nome das conferências.
Portanto, fica a terceira questão: o que fazer agora? Não podemos deixar que o evento em si, dele acontecer, seja nossa conquista por si mesma. Acontecer o evento não é o objetivo. É indispensável que cada irmão tome os ensinamentos e os transforme em ação pelo convencimento do Espírito Santo.
Ouvimos, neste caso, em 1 João sobre crer certo (doutrina e ortodoxia), viver certo (andar em santidade) e amar certo (a vida outro-centrica). Inclusive, fomos exortados à reflexão e ao auto-exame pelo pregador. Não apenas a ouvir e admirarmo-nos de tanto conhecimento, fatos novos e estudo profundo. Essas coisas eram apenas catalisadores para que nossas mentes e corações fossem cativados pela verdade de Deus e movidos a uma ação transformadora e transformada.
Assim, mesmo que sejamos muito gratos a Deus pelo crescimento na participação, por todas as portas que Ele abriu e pelo desenrolar de cada detalhe e do todo da conferência... isto tudo não é, nem deve ser nossa maior conquista. Antes, uma igreja que está crescendo em graça e conhecimento, em práxis e crença é a nossa maior ação de Graças. Ou deve ser, pelo menos.
Que o pós-conferência seja um momento de crise e crescimento, auto-exame e confrontação, gratidão e louvor diante de tudo o que o Senhor nos trouxe e está realizando em nosso meio.
Dia 11 de outubro
AVIVAMENTO
“...vivifica-nos, e invocaremos o teu nome.” (Sl 80.18b)
“SENHOR, ouvi falar da tua fama; tremo diante dos teus atos, SENHOR. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em nosso tempo; em tua ira, lembra-te da misericórdia.” (Hc 3.2)
“Ah, se rompesses os céus e descesses! Os montes tremeriam diante de ti! Como quando o fogo acende os gravetos e faz a água ferver, desce, para que os teus inimigos conheçam o teu nome e as nações tremam diante de ti! Pois, quando fizeste coisas tremendas, coisas que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram diante de ti. Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam.” (Is 64.1-4)
Quase uma semana de conferência sobre o tema “Avivamento”. Um tema cheio de pressuposições e ideias, mas pouco entendido e buscado biblicamente. Foram dias de grande aprendizado, que posso colocar em breves lições bíblicas.
1.) “Você nunca conseguirá produzir um avivamento, e ponto!”
A fonte e origem do avivamento é Deus! Parece óbvio, mas, não é. Vigílias, campanhas, métodos e eventos ocorrem com o objetivo de provocar um avivamento. Vemos claramente nas Escrituras que os santos do passado clamavam para que Deus trouxesse o avivamento do Seu povo.
2.) “Não existe avivamento sem as Escrituras, e ponto!”
Especialmente nos últimos anos, com a crescente ênfase na música (nem sempre louvor, nem adoração), passou-se a se acreditar que isso traria um avivamento. Fora o fato do ponto um, não encontramos nas Escrituras ou na história, nenhum avivamento divorciado de uma redescoberta da doutrina bíblica. Um retorno às Escrituras foi sempre fundamental e cardinal para o avivamento. Inclusive, para evitar excessos e desvios. Assim, como deve ser no dia a dia de cada cristão, agimos certo por crermos certo. E não por sentimentos e emocionalismos.
3.) “O quebrantamento e o arrependimento estão no cerne do avivamento, e ponto!”
Péra... então, não dá vontade de pular, de correr, de gritar? Não, decididamente, não. Com a confrontação das Escrituras, o que somos e o que fazemos é diretamente exposto. E, não é nada bonito. E deve nos levar a uma atitude de contrição, quebrantamento e clamor por perdão a um Deus três vezes santo.
4.) “O avivamento gera mudanças espirituais, sim, mas também, sociais, e ponto!”
Se o avivamento produz arrependimento e obediência pelo convencimento das Escrituras, o amor ao próximo, a sensibilidade às necessidades do próximo também estarão nesse escopo. Juntamente com santidade quanto a muitos outros pecados. Ou seja, avivamento refletirá na sociedade, como reflexo da mudança no povo de Deus.
5.) “O avivamento é um mover e encher do Espírito que aponta para Cristo, e ponto!”
O movimento moderno de busca do avivamento tem (com a melhor das intenções) apontado para uma personagem equivocada como seu centro. As Escrituras deixam claro que o Espírito Santo, mesmo com seus diversos e importantes papéis na Igreja, exalta o Filho e dá a Ele o destaque. O avivamento é um retorno ao amor e à paixão que deve arder nossos corações por causa da obra da Cruz! É um abandono de tantas emoções e motivações vazias em troca da glória da Cruz e do gloriar-se nela! É o abandono da necessidade “eu-centrada” que reina na infantil pregação de hoje que atende a infantis corações de hoje em troca da convicção que é tudo sobre Ele, Jesus, por causa dEle e para Ele. E que isso (e Ele) nos bastam.
6.) “O avivamento é uma decisão pessoal que não espera pelo coletivo, e ponto!”
Não estou dizendo que EU produzo o avivamento que chegará aos outros. Estou dizendo que esperamos que alguém avive a Igreja, ou mesmo que Deus a avive, enquanto aguardamos de braços cruzados. Mas, não por causa do avivamento, mas por causa de Deus e por amá-lo, precisamos viver em avivamento a cada dia. Longe da religiosidade, mas, sim, com uma religião de coração ardente. Longe do marasmo e da apatia, mas, sim, com uma prontidão para a obra. Longe do pecado, mas, com uma vida em arrependimento.
7.) “Você pode (e deve) buscar o (clamar por) avivamento, e ponto!”
Vez após vez, vemos o povo de Deus clamando a Ele por um avivamento. Clamando para que Ele entre na sua história e faça o que eles não conseguiam fazer por si só. Inconformados com o pecado, a corrupção e a decadência ao seu redor, eles compreendem que se o Senhor não fizer algo, nem eles poderão. Então... oram. Fazem da oração uma declaração de falência de recursos, reconhecendo sua necessidade pelo agir e pelo mover de Deus.
Diante disso, fica a pergunta... qual tem sido a minha atitude e meu agir quanto ao avivamento. Tenho certeza que você (como eu) levantaria sua mão se alguém perguntasse, “Quem deseja um avivamento?”. Mas, estávamos efetivamente buscando algo em relação a ele? Somos homens e mulheres voltados para as Escrituras? Buscamos viver HOJE como desejamos viver se estivéssemos em meio a um avivamento.
Paulo disse “...ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele.” (Fp 2.12b-13). Creio que fica claro a antinomia entre o agir soberano de Deus e a responsabilidade do homem. O avivamento é dEle e vem dEle; mas, são seus joelhos que devem estar dobrados, não seus braços. E seu coração quebrantado diante da Sua Verdade.