Dia 02 de outubro de 2016
"PORQUE O TEXTO DE MATEUS 24.14 NÃO SIGNIFICA QUE O ARREBATAMENTO DEPENDE DA EVANGELIZAÇÃO DE TODO O MUNDO."
"E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim." Mateus 24.14
1.) Tal argumento significaria que o apóstolo Paulo (bem como os demais escritores do NT) não sabia deste fato, uma vez que esperavam o Arrebatamento para HOJE.
2.) Tal argumento condiciona os tempos do fim à nossa dedicação à obra missionário. Ou seja, um claro absurdo diante da soberania de Deus quanto à época da "Parousia", da Presença de Cristo no seu retorno (Mt 24.36).
3.) Hoje em dia, temos agências missionárias que sabem quase exatamente quantos povos não-alcançados existem. Bastaria monitorar o avanço desses dados e, "voilá", teríamos o tempo do Arrebatamento.
4.) A eminência retratada quanto à volta de Cristo está muito mais ligada ao Arrebatamento do que à "Parousia". Escrevendo aos tessalonicenses, Paulo alerta sobre isto (1 Ts 4.13-18).
5.) O relato do Apocalipse do capítulo 4 em diante trata da Tribulação. Nesta época, além das Duas Testemunhas, o mundo será invadido por um "exército" de testemunhas, mas precisamente 144 mil, as quais levarão o Evangelho aos quatro cantos da terra.
Comentário do texto:
Embora este seja um tempo terrível de perseguição, o Senhor tem servos que vão testemunhar e divulgar as boas novas a respeito de Cristo e Seu reino prestes a vir. Esta mensagem será semelhante ao pregado por João Batista, Jesus e os discípulos no início do Evangelho de Mateus, mas esta mensagem irá identificar claramente Jesus em Seu verdadeiro caráter como a do Messias prestes a chegar. Este não é exatamente a mesma mensagem que a igreja está a proclamar hoje. A mensagem pregada hoje na era da igreja e da mensagem proclamada nas chamadas período de tribulação para voltar-se para o Salvador para a salvação. No entanto, na Tribulação a mensagem irá sublinhar a vinda do Reino, e aqueles que, em seguida, voltarem para o Salvador para a salvação será permitida a entrada no Reino. Aparentemente, muitos irão responder a essa mensagem (cf. Ap 7.9-10).
Barbieri, R. L., & Jr. (1985). Matthew. Em JF Walvoord & Zuck RB (Eds.), Comentário do Conhecimento Bíblico: Uma Exposição das Escrituras (JF Walvoord & Zuck RB, ed.) (Mt 24,9-14). Wheaton, IL: Victor Books.
Dia 30 de outubro de 2016
"IGREJA REFORMADA, SEMPRE REFORMANDO"
Em 31 de outubro de 1517, 499 anos atrás, o monge agostiniano Martinho Lutero fixou suas 95 teses na porta da catedral do castelo de Wittenberg na Alemanha. Aquilo que tinha como objetivo confrontar e trazer ao debate os desvios teológicos e da prática da igreja romana terminou como sendo o estopim da Reforma Protestante. E o mundo nunca mais seria o mesmo.
Hoje, quase a totalidade das igrejas não-acatólicas devem sua existência à Reforma. Mesmo aquelas que não queriam admitir, tem sua origem traçada direta ou indiretamente a este fato.
Mesmo diante de controvérsias, os Batistas são um desses grupos. Após chegada da Reforma à Inglaterra, os Batistas surgiram dos Movimentos Puritano e Separatista na Inglaterra, durante o século dezessete. Esta é a posição defendida pelos principais historiadores batistas da atualidade. Logo, haviam dois grupos: os Batistas Gerais e os Batistas Particulares. Estes dois grupos, em princípio, se dividiram por conta da doutrina da Expiação. Os “Gerais”, crendo que na Expiação Ilimitada e os “Particulares”, ou, “Calvinistas”, na Expiação Limitada, ou ainda, Particular, dos Eleitos.
Sendo os Gerais absorvidos por outros grupos, os Batistas Particulares (ou calvinistas) seguem sendo a linha histórica que levaria a homens como Henry Jacob, John Lathrop, Henry Jessey (os três primeiros pastores da primeira igreja batista), John Bunyan, William Carey, Adoniran Judson, John Gill, Charles Haddon Spurgeon entre muitos outros.
De parte dos reformados, os batistas divergem quanto ao pedobatismo (batismo infantil) e quanto ao aspersionismo (batismo onde apenas se joga água sobre a cabeça do batizando). Portanto, cremos que o batismo (por imersão de todo o corpo) é algo direcionado apenas para convertidos que tenham idade o suficiente para expor a sua fé.
Porém, pontos fundamentais são comuns a todos os reformados. Entre eles, as Cinco Solas.
Sola Scriptura ou Somente as Escrituras defende não apenas a inspiração da Bíblia, mas, principalmente a suficiência de toda a Bíblia. Não precisamos de nenhum complemento humanista ou “revelação religiosa”; já temos tudo o que precisamos na revelação escrita de Deus. (2 Tm 3.16, 17)
Solus Christus ou Somente Cristo defende a suficiência da obra de Cristo para a salvação do perdido, bem como a centralidade na pessoa dEle em tudo, quer na Igreja, quer fora dEle. (Rm 11.33-36)
Sola Gratia ou Somente a Graça defende que a salvação, bem como toda a vida cristã e a perseverança na salvação, se baseia unicamente na Graça de Cristo e nunca nos méritos do homem, nem em suas obras. (Ef 2.8-9)
Sola Fide ou Somente a Fé defende que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente em e por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus. (Rm 1.17)
Soli Deo Gloria ou Somente a Deus [toda] Glória defende que tudo o que somos e fazemos, tudo o que realizamos e nos tornamos tem como centro a glória do Criador, do nosso Deus; e nunca a nossa. (1 Co 10.31)
Esses princípios podem parecer comuns a toda e qualquer igreja cristã, mas tal percepção não resiste a um exame mais próximo e detalhado. Mas, cabe nós, em nossas igrejas locais, a promovermos cultos, ministérios, hábitos e práticas que realmente ressaltem esse espírito reformado. O qual, obviamente, não foi inventado ou inaugurado há 499 anos uma vez que a Reforma nada foi do que um retorno ao padrão bíblico que estava obscurecido pelas trevas espirituais.
Mas, ainda hoje, quanto mais pregamos a Palavra, veremos se repetir a máxima da Reforma: Post tenebras, lux! - DEPOIS DAS TREVAS, A LUZ!
Dia 16 de outubro de 2016
"O PODER DE DEUS DUVIDADO POR MUITOS."
Existem apenas várias alegações bíblicas para coisas que o poder de Deus realiza. O mundo, a concepção pelo Espírito Santo em Maria e curas são alguns exemplos da obra do poder de Deus. Mas, quando falamos sobre o que o poder de Deus “é”, temos ainda menos exemplos. Na verdade, dois principais.
O poder de Deus é o Evangelho e é a mensagem da Cruz. As duas afirmações encontramos em Romanos 1.16 e 1 Coríntios 1.18. De fato, podemos entender que as duas expressões são formas diferentes de dizer a mesma coisa, isto é, “o Evangelho” e “a Mensagem da Cruz” são uma e a mesma coisa.
Nos dias de hoje, “poder” está quase que exclusivamente identificado com curas, sinais e maravilhas. Na maior parte das vezes, muito mais prometidas nos cartazes de eventos do que realidade nos eventos em si. Mas, não é este mau uso da palavra “poder” e da expressão “poder de Deus” que me preocupa neste artigo. Mas, sim, a descrença neste poder que tem levado à (1) omissão, (2) à adulteração e (3) dependência na pregação do Evangelho, o poder de Deus.
OMISSÃO: o plano de Deus para o cristão é que ele se torne um arauto, um proclamador da salvação desde a sua conversão. Não esperando por um curso de como evangelizar, nem de aulas sobre as profundas noções da teologia, nem mesmo de autorização da igreja, o novo convertido deve falar aos outros “quão grandes coisas o Senhor fez por ele e como teve misericórdia dele (Mc 5.19).
Porém, raramente encontramos esta realidade. As razões são três. PRIMEIRA, a “cultura” do acomodamento dá as boas-vindas ao novo convertido nas igrejas e lhe diz pra sentar e sossegar o afã de falar aos outros. SEGUNDA, ele raramente ouviu realmente uma explanação satisfatória e biblicamente correta do Evangelho. Portanto, nem sabe realmente o que dizer. E TERCEIRA, ele logo incorpora os “afazeres de crente” com os quais todos se ocupam e deixa o evangelismo para “quem tem chamado” e “é mais preparado”.
ADULTERAÇÃO: quando não acreditamos em alguma coisa, mas ainda assim, precisamos usá-la, geralmente nós “mexemos com ela”, nós a alteramos. O cristão sabe que a proclamação do Evangelho é parte fundamental da vida cristã. Como não há como negar isso, ele pelo menos muda a mensagem. Em alguns casos, nem se pode perceber qualquer traço do Evangelho bíblico naquilo que é pregado. Debaixo de frases de efeito (”Deus lhe ama e tem um plano maravilhoso pra sua vida”, “Abra seu coração e aceite a Jesus”...), o arrependimento de pecados e a fé na salvação da [justa] condenação eterna se perdem nesta versão mais light do Evangelho.
Assim, tal como um remédio diluído, raramente se vê resultados reais simplesmente porque o “poder de Deus” não está presente!
DEPENDÊNCIA: frequentemente ocorrendo junto à anterior, esta marca de uma descrença no poder do Evangelho tem mais a ver com o papel dos métodos e estratégias. Eles em si não são sempre errados e antibíblicos. O ponto aqui não é este. A questão é que achamos o homem de hoje quase único e achamos que ele precisa de “métodos modernos” para poder ouvir o Evangelho. Além de se depender desses métodos, a mensagem é comprometida e adulterada no processo. Mas, quando olhamos para o NT e para a história da Igreja, o método que prevalece é do evangelismo pessoal através de relacionamentos. Não eventos, nem campanhas, nem métodos mirabolantes. Apenas um ser humano dizendo ao outro “quão grandes coisas Deus fez por ele e como teve misericórdia dele”.
Independentemente do que seja que nos impede de pregar o Evangelho, isso termina se resumindo à uma declaração de incredulidade na maior expressão do poder de Deus. Pregue o Evangelho, apenas o Evangelho, em humildade, fidelidade e dependência. Deixe os resultados com o Senhor da seara.